Entenda como o Brasil, por meio de seus bispos representantes, contribuirá com as discussões no Sínodo sobre as famílias, em outubro
André Cunha
Da Redação
A Igreja no Brasil também se prepara para participar do Sínodo sobre a família, que terá sua segunda etapa de 4 a 25 de outubro próximo no Vaticano.
Cinco bispos vão representar o episcopado brasileiro durante o evento: Dom Sérgio da Rocha, Arcebispo de Brasília (DF) e presidente da CNBB; Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo (SP); Dom João Carlos Petrini, bispo de Camaçari (BA); Dom Geraldo Lírio Rocha, Arcebispo de Mariana (MG); e o Cardeal Raymundo Damasceno Assis, Arcebispo de Aparecida (SP).
O Sínodo é um encontro de bispos de diversas partes do mundo, que buscam auxiliar o Papa nas reflexões de assuntos importantes como, por exemplo, a família. O evento tem como tema principal “A vocação e missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”.
De acordo com o arcebispo de Mariana, Dom Geraldo Lírio Rocha, as contribuições do Brasil junto ao Sínodo se darão em torno de sua riqueza cultural, do sentido de família presente no povo brasileiro, do apreço à família, bem como das iniciativas da Igreja brasileira com relação ao tema.
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.: Especial sobre o Sínodo da Família
“Nós levamos para o Sínodo uma reflexão muito ampla e não só, mas uma prática de ação pastoral em defesa da vida e em favor da família, que se consolidou no Brasil em todas as regiões”.
Além desses aspectos positivos, as dificuldades do povo brasileiro, sobretudo dos indígenas e afrodescendentes, dos que vivem nas metrópoles e no interior, também serão pauta na reunião de bispos.
Dentre essas dificuldades, o bispo destaca o relativismo, a descrença, a perda dos valores morais, a situação das famílias em dificuldades de toda ordem, bem como as questões ligadas ao divórcio e às relações homoafetivas. Esses problemas foram diagnosticados a partir de um levantamento feito no Brasil – da mesma forma que em outros países – a pedido do Papa Francisco.
“Vamos refletir e aprofundar, a partir dos parâmetros que a Igreja obedece, porque ela tem sempre em mira a fidelidade à Palavra de Deus e àquilo que o Magistério tem dito desde a antiguidade até os nossos dias. Afinal, a Igreja não rompe com aquile que faz parte do que chamamos de “Depósito da Fé” e dos ensinamentos da Igreja no campo moral”, explicou Dom Geraldo.
Estratégia de trabalho
Por ser um evento mundial, o Sínodo tem suas estratégias para organizar as discussões, como por exemplo, as plenárias e os grupos de trabalho. As plenárias são os principais momentos de discussão, nas quais cada país fará suas colocações e apresentará suas respectivas realidades.
Já os grupos de trabalhos são a ocasião em que os bispos, separados por idiomas, vão elaborar as proposições que, ao final, do Sínodo serão apresentadas ao Papa Francisco. Os idiomas oficiais do Sínodo são: latim, inglês, italiano, francês, espanhol e o alemão.
Dom Geraldo destaca que o Sínodo não terá um documento final a ser apresentado a toda a Igreja, mas um documento que deverá ser entregue ao Santo Padre para que ele sim, em nome da Igreja, apresente uma exortação apostólica pós-sinodal.
“Como dizia São João XXIII: nós vamos rever as questões para mudar aquilo que pode ser mudado e manter o que deve ser mantido. O Sínodo vai procurar fazer esse grande discernimento: o que pode ser mudado? O que deve ser preservado? É na comunhão da fé e na unidade da Igreja, com a Graça de Deus e na luz do Espírito Santo, que vamos procurar trazer como contribuição para que o Papa apresente a resposta da Igreja para o mundo atual”, salientou.
Dom Geraldo esclarece ainda a originalidade do Sínodo. “Não é um parlamento, mas um encontro de bispos na qualidade de pastores da Igreja. Não é uma reunião de técnicos, de especialistas ou de peritos em determinada matéria, de alguma ciência. O Sínodo é um acontecimento eclesial, logo, ele se respalda na palavra de Deus e no Magistério da Igreja”.
Aos católicos brasileiros que, assim com o restante da Igreja, esperam algo novo após o Sínodo, Dom Geraldo convida para oração a fim de que o Espírito Santo faça a obra desejada.
“A grande mensagem que eu gostaria de comunicar é esta: entremos em clima de oração. O que nós devíamos discutir, já discutimos; questões que devíamos apresentar, já apresentamos; daqui para frente temos que rezar para que o Espírito de Deus ilumine o Sínodo”.