Departamento Vaticano para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral publicou mensagem para o Dia Mundial do Turismo 2022
Da redação, com Boletim da Santa Sé
Nesta terça-feira, 27, o Boletim da Santa Sé publicou a mensagem do Prefeito do Departamento Vaticano para a Promoção do Desenvolvimento Integral, Cardeal Michael Czerny, SJ, por ocasião do Dia Mundial do Turismo, celebrado hoje.
O religioso da Companhia de Jesus iniciou refletindo sobre o tema deste ano: Repensar o Turismo. Ele traz a imagem da crise de saúde iniciada em 2019, que confrontou a todos com problemas que vêm de longe e destacou novos e inesperados. “Certamente nos pegou de surpresa. O turismo tem sido uma das atividades humanas mais severamente afetadas por esta crise, mas, paradoxalmente, pode agora tornar-se um dos motores da reconstrução de um mundo mais justo, sustentável e integral. A Igreja, portanto, também olha para o renascimento e renovação do turismo com os olhos da esperança”.
Um turismo mais justo
Ao falar da retomada do turismo, o cardeal afirma poder ter como referência os princípios que inspiraram o Código Mundial de Ética para o Turismo, que entendia esta atividade, entre outras coisas, como “uma força vital ao serviço da paz e um fator de amizade e compreensão entre os povos do mundo”. Fator de desenvolvimento sustentável, “significa utilizar o patrimônio cultural da humanidade para contribuir para o seu enriquecimento”, uma atividade vantajosa para os países e comunidades anfitriões”. São elementos fundamentais para a construção da fraternidade e da amizade social, mas sobretudo para o serviço do desenvolvimento humano integral.
A mensagem também aponta para a urgente mudança de rumo, demonstrando que sabemos sair de uma crise que revelou tantas desigualdades e injustiças. “O turismo como verdadeira indústria econômica deve ser realizado segundo princípios de equidade e transformação social. Isso acontece, por exemplo, quando os direitos trabalhistas dos trabalhadores do setor são respeitados em todos os níveis e em todos os países e quando o próprio turismo, como atividade de lazer e entretenimento, é realizado no pleno respeito aos direitos fundamentais à dignidade das pessoas”.
O cardeal acredita que a justiça é também repartir os lucros de forma justa, superando uma lógica predatória, sobretudo no que diz respeito às populações e áreas geográficas particularmente provadas pelas múltiplas crises que atormentam o mundo contemporâneo.
Com o escrito, o cardeal quer manifestar a proximidade a todos os operadores do setor do turismo que já atuam com uma consciência justa e construíram não só o seu profissionalismo, mas a sua própria vida em torno da hospitalidade. “Não faltam empresários atentos aos mais vulneráveis e aos trabalhadores expostos à exploração, em particular aos sazonais que realizam tarefas mais humildes ao serviço dos turistas e às vezes condições ilegais, com salários injustos, obrigados a trabalhar longas horas, muitas vezes longe da família, com alto risco de estresse e dobrados às regras da competitividade agressiva”. O texto enfatiza que, diante dessa realidade, os cristãos são exortados a fazer uma aliança com todas as mulheres e homens de boa vontade, para essa mudança.
Um turismo mais sustentável
O cardeal jesuíta também aborda a importância dos recomeços e o quanto são significativos, exortando a tais ações não ficarem no esquecimento. “Não podemos esquecer que o impacto do turismo no meio ambiente é muito significativo. O paradigma dominante de maximização do consumo pode vir a desfigurá-lo rápida e ferozmente. Com a pandemia e a atual crise energética, ficou mais evidente o quanto é bom antes de tudo focar no turismo local: saber olhar em volta, reconhecer e apreciar os tesouros do patrimônio, da gastronomia, do folclore e até da espiritualidade que as regiões vizinhas têm a compartilhar”. Com esse novo olhar, as políticas locais podem ser repensadas e investirem em hospitalidade e qualidade de vida para os habitantes que á já estão, como também para os recém chegados.
De forma mais global, olhando para os fluxos de mercadorias, o movimento de pessoas para fins turísticos e os ritmos de consumo precisam ser equilibrados na direção de uma correta relação entre o ser humano e a criação. “A sustentabilidade do turismo, de fato, mede-se não apenas em termos de poluição, mas também no impacto sobre a biodiversidade dos ecossistemas naturais e sociais: há necessidade de uma sensibilidade que amplie de forma concreta a proteção dos ecossistemas, para que garantir uma passagem harmoniosa dos turistas em ambientes que não lhes pertencem, nem a uma única geração”.
Um turismo integral
O turismo oferece ao espírito humano e ao Espírito de Deus enormes oportunidades de interação, ativando um encontro entre as diversidades.“Um turismo que se reinicia precisa ter em mente a ‘visão integral da pessoa’, que, como sublinha o Papa Francisco, não é uma teoria, mas ‘um modo de viver e agir.
O jesuíta destaca que só assim se pode encontrar uma cultura diferente, pedir um relato de sua história, descobrir os valores profundos que ela guarda. “Em resumo, o turismo também é chamado a abraçar a perspectiva da ecologia integral”.
Turismo para cultivar a esperança
A Igreja Católica está muito interessada em promover a visão renovada do turismo, com vista ao desenvolvimento humano integral, frisa a mensagem. O processo sinodal, que se vive em todo o mundo, das comunidades mais periféricas aos mais importantes centros decisórios, representa um método de escuta e participação, que também pode trazer uma maior atitude na composição de interesses da sociedade civil e organizações econômicas e pontos de vista conflitantes.
Essas perspectivas serão objeto de novas reflexões durante os trabalhos do VIII Congresso Mundial da Pastoral do Turismo, que acontecerá em Santiago de Compostela de 5 a 8 de outubro de 2022. tema: “Turismo e peregrinações: caminhos de esperança” .
Para concluir, Dom Michael pede que se olhe com esperança para o dinamismo do setor, para todas as pessoas envolvidas e para os responsáveis por ele. “Retomando as palavras do Papa Francisco, convidamos todos a ‘manter acesa a tocha da esperança’ e ‘fazer todo o possível para que todos recuperem a força e a certeza de olhar para o futuro com a mente aberta, o coração confiante e mente com visão”.