Alerta

Quase 70 milhões de crianças morrerão até 2030, destaca Unicef

Relatório da Unicef destaca que maioria das possíveis mortes de crianças podem ser evitadas se houver ajuda da Comunidade Internacional

Da redação, com Unicef

Embora o mundo tenha registrado progressos na infância, eles não foram uniformes e justos para todos / Foto: UNICEF/Gilbertson

Embora o mundo tenha registrado progressos na infância, eles não foram uniformes nem justos / Foto: UNICEF/Gilbertson

As vidas e os futuros de milhões de crianças estão em risco. Mais de 69 milhões de crianças com menos de cinco anos morrerão até 2030, em sua maioria de causas evitáveis, e 167 milhões viverão na pobreza, se a comunidade internacional não der a devida atenção à causa das crianças, alertou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), nesta terça-feira, 28.

Em relatório intitulado “Uma oportunidade justa para todas as crianças”, a Unicef traça o cenário sombrio para as crianças mais pobres do mundo, caso os governos, os doadores, as empresas e as organizações internacionais não acelerarem esforços para responder às suas necessidades.

“Recusar a centenas de milhões de crianças a igualdade de oportunidades ameaça não apenas o seu futuro — pois alimenta ciclos de desvantagem intergeracional — como compromete também o futuro das suas sociedades. Mas temos uma opção: investir nestas crianças agora ou permitir que o mundo se torne ainda mais desigual e dividido”, afirmou o diretor executivo da Unicef, Anthony Lake.

No prefácio do relatório, Lake afirma que ao olhar para o mundo de hoje, confronta-se com uma verdade inegável: “As vidas de milhões de crianças são arruinadas pelo simples fato de terem nascido num determinado país, comunidade, gênero ou circunstância”.

Progressos significativos, mas disformes

O relatório destaca progressos significativos, como a redução de mais de 50% na taxa de mortalidade de menores de cinco anos desde 1990, igualdade para meninos e meninas quanto à frequência escolar no ensino primário em 129 países e redução de quase metade do número de pessoas que vivem na pobreza extrema comparado a 1990.

Porém, esses progressos não foram nem uniformes nem justos. “As crianças mais pobres têm duas vezes mais probabilidades de morrer antes dos cinco anos e de sofrer de subnutrição crônica do que as crianças mais ricas. Em grande parte do sul da Ásia e da África subsariana, as crianças filhas de mães não-escolarizadas têm três vezes mais probabilidades de morrer antes dos 5 anos do que as crianças de mães que frequentaram o ensino secundário. E as meninas das famílias mais pobres têm duas vezes mais probabilidades de casar na infância do que as de famílias mais ricas”, aponta o comunicado que divulga o relatório.

África Subsariana

Em nenhuma outra região as perspectivas são tão preocupantes como na África subsariana, onde pelo menos 247 milhões de crianças  – ou seja, 2 em cada 3 –  vivem em pobreza multidimensional, privadas do que necessitam para sobreviver e se desenvolverem, e onde perto de 60% dos jovens entre os 20 e os 24 anos, pertencentes aos 20% mais pobres da população, tiveram menos de quatro anos de escolaridade.

Segundo as projeções do relatório, se essa realidade persistir, em 2030, quase metade dos 69 milhões de mortes de crianças serão devidas à causas evitáveis, mais de metade dos 60 milhões de crianças em idade escolar primária continuarão fora da escola e 9 em cada 10 crianças viverão na pobreza extrema.

Educação

Apesar de a educação desempenhar um papel crucial na igualdade de oportunidades para as crianças, o número das que não frequentam a escola aumentou desde 2011, indica o relatório. “Cerca de 124 milhões de crianças não frequentam o ensino primário ou o primeiro ciclo do secundário e quase 2 em cada 5 que terminam o ensino primário não aprenderam a ler, escrever ou a fazer operações aritméticas simples”.

O relatório apresenta dados que indicam que investir nas crianças mais vulneráveis pode produzir benefícios imediatos e a longo prazo. “Os subsídios em dinheiro, por exemplo, demonstraram contribuir para que as crianças permaneçam mais tempo na escola e para que prossigam a sua escolaridade para níveis superiores de ensino. Em média, cada ano adicional de escolaridade que uma criança frequenta traduz-se por um aumento de cerca de 10% dos rendimentos que aufere na idade adulta. Em média por cada ano adicional de escolaridade que os jovens de um país completam as taxas de pobreza desse país diminuem cerca de 9%”, ressalta o texto.

“As desigualdades não são inevitáveis nem intransponíveis”, defende o relatório. Melhores dados sobre as crianças mais vulneráveis, soluções integradas para os desafios que as crianças enfrentam, formas inovadoras para responder a problemas antigos, investimentos mais equitativos e um maior envolvimento por parte das comunidades , são medidas que podem ajudar a combater as desigualdades para as crianças.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo