Em um artigo titulado “A próxima batalha a favor e contra Jesus se combaterá a golpes de livro”, o vaticanista do semanário L’Espresso, Sandro Magister, apresentou o prefácio do novo livro do Papa Bento XVI sobre Jesus Cristo, que, conforme esperao perito, “será o best seller do ano”.
O livro terá por título: “Jesus de Nazaré. Do batismo no Jordão até a Transfiguração”, e será o primeiro de dois volumes previstos, com o segundo que abrangerá até a Ressurreição. “Seu livro sobre Jesus foi anunciado no final de novembro e estará à venda na próxima primavera (na Europa).
Mas não há semana em que Bento XVI não pregue sobre o protagonista do livro: Jesus, ‘verdadeiro Deus e verdadeiro homem’”, explica Magister. Segundo o perito, “a alternativa que Bento XVI põe entre o falso e o verdadeiro Jesus é a mesma que ele vê entre os livros que reduzem Jesus a um simples homem e os que, ao contrário, o apresentam em sua verdade humano-divina”.
Entre os livros contrários à verdadeira visão de Jesus, explica Magister, se encontra um que na Itália vendeu meio milhão de cópias, titulado: “Inchiesta su Gesù. Chi era l’uomo che há cambiato il mondo” (Investigação sobre Jesus. Quem era o homem que mudou o mundo), cujos autores são o agnóstico Corrado Augias, jornalista e escritor, editorialista do jornal “A Repubblica”, e o católico Mauro Pesque, professor de história da Igreja da Universidade de Bolonha, especialista em textos do cristianismo primitivo.
A tese deste livro é que é falso tudo o que a fé cristã professa respeito de Jesus. “O iminente livro de Joseph Ratzinger / Bento XVI – assinado assim porque foi escrito por ele antes e depois da eleição como Papa – pretende precisamente opor o Jesus autêntico ao falso Jesus ‘modernizado ou pós-modernizado’”, explica Magister.
Palavras do Papa: No prefácio, cuja versão íntegra pode ler-se em espanhol na página Web de Magister, o Santo Padre escreve que “no tempo de minha juventude – nos anos trinta e quarenta – foram publicados uma série de livros sobre Jesus que entusiasmavam. Me lembro só o nome de alguns autores: Karl Adam, Romano Guardini, Franz Michel William, Giovanni Papini, Jean Daniel-Rops. Em todos estes livros a imagem de Jesus Cristo foi delineada a partir dos Evangelhos: como viveu sobre a terra e como, sendo inteiramente homem, levou-lhes, ao mesmo tempo, a Deus aos homens, com o qual, por ser Filho, era uma só coisa”. O Papa assinala entretanto que, “no início dos anos 50 a situação mudou.
A fenda entre o ‘Jesus histórico’ e o ‘Cristo da fé’ se fez sempre mais ampla; a simples vista um se afastou do outro”. Bento XVI assinala que estas obras “são muito mais fotografias dos autores e de seus ideais e não a exposição de um ícone, que se tornou confuso”. “Uma situação assim – prossegue o Papa – é dramática para a fé porque torna incerto seu autêntico ponto de referência: a íntima amizade com Jesus, de quem tudo depende, ameaça até se esgotar inutilmente no vazio”.
O Papa explica que “minha apresentação de Jesus significa acima de tudo que tenho confiança nos Evangelhos”. “Estou convencido, e espero que o leitor também possa perceber isso, que esta figura é muito mais lógica e também, do ponto de vista histórico, mais compreensível que as reconstruções com as quais nos devemos confrontar nas últimas décadas. Embora este livro não tenha sido escrito contra a exegese moderna, procurei ir além da mera interpretação histórico-crítica, aplicando os novos critérios metodológicos, que nos permitem uma interpretação propriamente teológica da Bíblia e que naturalmente requerem a fé, sem por isso querer e poder – de fato – renunciar à seriedade histórica”.