Os embaixadores acreditados junto à Santa Sé participaram nesta quinta-feira, 5, de uma reunião sobre o significado da iniciativa do Papa Francisco de motivar um Dia de Oração e Jejum pela Paz na Síria e no mundo. Estiveram presentes 71 embaixadores.
O Secretário para a Relação com os Estados, Dom Dominique Mamberti, explicou ao Corpo Diplomático que o sincero apelo do Santo Padre "se faz intérprete do desejo de paz que sobe de todas as partes da terra, do coração de cada homem de boa vontade".
Leia mais
.: Unida ao Papa, Canção Nova dedica dia de oração e jejum pela Síria
.: "A paz é um bem que todos aspiram", declara comunicado do Vaticano
.: Igreja no Brasil se mobiliza em oração pela paz na Síria
Segundo ele, a voz do Papa se eleva em um momento "particularmente grave e delicado" do longo conflito sírio, que já provocou muito sofrimento, devastação e dor, aos quais se somam as tantas vítimas inocentes dos ataques do dia 21 de agosto, mortas por supostas armas químicas.
Ao falar das diversas reações em âmbito mundial, o Secretário para a Relação com os Estados recordou o apelo do Papa no Angelus do último domingo, quando foi muito claro ao afirmar que “existe um juízo de Deus e também um juízo da história sobre nossas ações, ao qual não se pode escapar!”. Após, falou da resposta e atenção da Santa Sé, desde o início do conflito, “ao grito de ajuda que chegava do povo sírio”, caracterizadas pela “consideração à centralidade da pessoa humana, independente de etnia ou religião”.
Também foram lembrados aos Embaixadores os inúmeros apelos pela paz feitos por Bento XVI por ocasião da Bênção Urbi et Orbi e no discurso ao Corpo Diplomático em 7 de janeiro de 2013, assim como as tantas referências a esta tragédia humanitária feitas pelo Papa Francisco desde o início de seu Pontificado, em particular o seu primeiro apelo feito na Mensagem Urbi et Orbi na Páscoa.
Dom Mamberti recordou ainda os pronunciamentos feitos pelos Observadores Permanentes da Santa Sé na ONU, quer em Nova York, quer em Genebra, assim como as intervenções do Núncio Apostólico em Damasco, Dom Mario Zenari e a missão conduzida pelo Cardeal Robert Sarah, por ocasião do Sínodo dos Bispos.
O Secretário para a relação com os Estados reitera as posições da Santa Sé diante desta trágica situação que já provocou mais de 110 mil mortos, mais de 4 milhões de deslocados internos e mais de 2 milhões de refugiados em outros países, ou seja, a prioridade de cessar imediatamente toda violência, o apelo para que as partes envolvidas superem a cega contraposição e busquem a via do encontro e da negociação e a urgência no respeito ao direito humanitário.
A Santa Sé defende alguns elementos que considera essencial para o futuro da Síria, como a retomada do diálogo entre as partes para a reconciliação do povo sírio, a preservação da unidade do país e a garantia da integridade territorial. Ademais, reitera que os responsáveis pelo país no futuro, garantam lugar para todos, em particular para as minorias, incluindo os cristãos, no respeito dos direitos humanos e da liberdade religiosa.
Por fim, Dom Mamberti observa que “causa particular preocupação a presença crescente na Síria de grupos extremistas, frequentemente vindos de outros países”, considerando relevante exortar a população e grupos da oposição “a tomarem distância de tais extremistas, de isolá-los e de oporem-se abertamente e claramente ao terrorismo”.