Ângelus

"Para os cristãos não é facultativo carregar a cruz", diz Papa

Bento XVI rezou, na manhã deste domingo, 31, ao meio-dia, a oração do Ângelus, com os milhares de peregrinos, fiéis e turistas, presentes no pátio interno da Residência Apostólica de Castel Gandolfo, nas imediações de Roma.

Antes da oração, como faz habitualmente, o Santo Padre pronunciou a sua alocução dominical, fazendo um breve comentário sobre a liturgia do dia, onde o Apóstolo Pedro aparece em primeiro plano, com uma fé ainda imatura e muito ligada à mentalidade do mundo.

"É evidente", disse o Papa, "que o Mestre e o discípulo seguem dois modos de pensar opostos: Pedro, segundo a lógica humana, tem certeza de que Deus jamais permitiria ao seu Filho concluir a sua missão com a morte de cruz. Jesus, ao invés, sabe que o Pai, no seu imenso amor pelos homens, o enviou precisamente para dar a vida pelos homens, mediante a paixão e a cruz".

"Por outro lado, Jesus sabe que a última palavra seria a Ressurreição. O protesto de Pedro, feito com boa fé e por sincero amor pelo seu Mestre, ressoa como uma tentação, como convite a salvar a si próprio. No entanto, dando a sua vida, Cristo a renova, por todos nós, para sempre", explicou o Pontífice. "Se, para salvar-nos, o Filho de Deus teve que sofrer e morrer crucificado, não foi, certamente, por um desígnio cruel do Pai celeste. A causa foi a gravidade da doença, da qual devia sarar-nos. Trata-se de um mal tão sério e mortal, a ponto de necessitar de todo o seu sangue".

"De fato", disse o Pontífice, "com a sua morte e ressurreição Jesus debelou o pecado e a morte, restabelecendo o senhorio de Deus. Mas, a luta não terminou: o mal existe e resiste em todas as gerações, também em nossos dias".

"O que são os horrores da guerra, as violências contra os inocentes, a miséria e a injustiça que incumbem sobre os mais fracos, senão a oposição do mal ao Reino de Deus? E como não responder a tanta maldade senão com a força desarmada do amor, que vence o ódio, da vida que não teme a morte? Trata-se da mesma força misteriosa que Jesus utilizou, a custo de ser incompreendido e abandonado por muitos dos seus discípulos".

"Para cumprir plenamente a obra da salvação, o Redentor continua a associar, a si e à sua missão, homens e mulheres, dispostos a tomarem a cruz e a segui-lo. Como aconteceu com Cristo, assim também, para os cristãos, não é facultativo carregar a cruz, mas é uma missão que deve ser abraçada com amor".

E o Santo Padre concluiu:"Em nosso mundo atual, onde parecem dominar as forças que dividem e destroem, Cristo não cessa de propor a todos seu claro convite: quem quiser ser meu discípulo, renegue o próprio egoísmo e carregue comigo a cruz".

Bento XVI terminou sua alocução dominical invocando a proteção de Nossa Senhora, que, por primeiro e até o fim, seguiu Jesus no caminho da cruz. "Que ela", disse o Papa, "nos ajude a seguir o Senhor com decisão, a fim de experimentarmos, desde já, apesar das provações, a glória da ressurreição".

Após a oração mariana do Ângelus, o Santo Padre recordou que, nestas últimas semanas, a mídia registrou um aumento dos episódios de imigração irregular da África. Muitas vezes, a travessia do Mar Mediterrâneo, rumo ao continente europeu, visto como uma âncora de esperança para fugir de situações adversas e insustentáveis, transforma-se em tragédia. "A migração é um fenômeno presente, desde o início da história da humanidade, e sempre caracterizou as relações entre povos e nações. Tal emergência nos interpela e solicita a nossa solidariedade e, ao mesmo tempo, exige respostas políticas", disse o Papa.

O Santo Padre concluiu a oração mariana, neste domingo, cumprimentando os vários grupos de peregrinos e fiéis, presentes em Castel Gandolfo, em seis línguas.

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