Crise migratória

Para ONG, ações contra migrantes na Itália são inconstitucionais

O veleiro ‘Alex’, da ONG Mediterranea Saving Humans, atracou na Itália com 41 imigrantes

Da redação, com Reuters

ONG condena política de migrantes da Itália após confisco do barco Alex / Foto: Reprodução Reuters

A ONG italiana Mediterranea Saving Humans, responsável pelo veleiro Alex, que resgatou 41 imigrantes, defendeu fortemente sua decisão no domingo, 7, de violar a proibição de atracar na Itália e classificou as políticas do país sobre imigrantes como inconstitucionais.

O veleiro Alex estava atracado no porto de Lampedusa, ao lado de um barco de patrulha da Polícia Financeira, depois de ter sido apreendido pelas autoridades italianas com coletes salva-vidas ainda no convés.

Os 41 passageiros a bordo do veleiro foram transferidos para um centro de detenção temporário. Não ficou claro, porém, se todos serão transferidos para outros países. “Canais de entrada legais e corredores humanitários devem ficar abertos àqueles que fogem da guerra”, disse Alessandra Sciurba, da ONG Mediterranea Saving Humans.

Sciurba disse que os contrabandistas de migrantes muitas vezes se disfarçam como membros da Guarda Costeira da Líbia. Assim, contrabandistas são pagos duas vezes: uma pelo governo italiano, já que supostamente estão ajudando a Guarda Costeira da Líbia, e por imigrantes que querem chegar à Europa.

Erasmo Palazzotto, presidente da ONG e membro do parlamento italiano, esteve a bordo durante toda a operação de resgate. Palazzotto respondeu a ordem da Itália de o veleiro navegasse em Malta com dúzias de imigrantes a bordo sem água classificando-a como criminosa, pois quebraria as leis de segurança durante a navegação.

“Consegue entender o senso ridículo desta proposta”, disse Palazzotto. “Deveríamos supostamente manter a tripulação e sete pessoas em um navio em que havia emergência sanitária e higiênica apenas para mostrar que o navio Alex teria chegado a Malta e assim permitir uma campanha de propaganda”, reiterou.

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Novas regras adotadas na semana passada pelo governo italiano e lideradas pelo líder de direita, Matteo Salvini, ameaçam a entrada de embarcações de ONGs em águas italianas sem permissão com uma multa de até 50.000 euros e o confisco de seus navios.

Alex, transportando 41 migrantes, ancorou no sábado, 6, no mesmo cais onde uma semana atrás o navio de resgate alemão Sea-Watch 3 colidiu com um barco da Polícia Financeira italiana quando sua capitã, Carola Rackete, decidiu levar migrantes para terra depois de duas semanas em águas internacionais.

Rackete, no entanto, foi presa no sábado, 29, antes de um juiz siciliano ordenar que fosse solta alguns dias depois.

O caso do Sea-Watch 3 e a liberação de Rackete poderia pavimentar o caminho para outros navios de resgate seguissem o exemplo do capitão alemão e ignorar as ordens de Salvini.

Com relação ao caso de Rackete, Sciurba criticou o decreto italiano e admitiu que decidiram violá-lo por conta do estado de necessidade com relação aos migrantes a tripulação a bordo do Alex.

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