Papa: ter fé é confiar em Cristo, não "escorregar" no poder

Em homilia, Francisco advertiu os fiéis sobre a tentação de “escorregar” no poder, em vez de compreender a verdadeira missão de Cristo

Da Redação, com Rádio Vaticano

Francisco adverte fiéis sobre o risco de transformar a fé em poder / Foto: L'Osservatore Romano

Francisco adverte fiéis sobre o risco de transformar a fé em poder / Foto: L’Osservatore Romano

O Papa Francisco começou a semana celebrando a Missa na capela da Casa Santa Marta nesta segunda-feira, 20. Comentando o Evangelho em que a multidão busca Jesus depois da multiplicação dos pães e dos peixes, o Santo Padre observou que, na fé, há o risco de não compreender a verdadeira missão do Senhor: isso acontece quando se aproveita de Jesus, escorregando no “poder”.

“Esta atitude se repete nos Evangelhos. Muitos seguem Jesus por interesse. Inclusive entre os seus apóstolos: como os filhos de Zebedeu, que queriam ser primeiro-ministro e ministro da economia, ter o poder. Aquela unção de levar aos pobres a boa nova, a libertação aos prisioneiros, a vista aos cegos, a liberdade aos oprimidos, e anunciar um ano de graça, se obscurece, se perde e se transforma em algo de poder”.

O Papa destacou que sempre houve esta tentação de passar do estupor religioso que Jesus dá no encontro com a humanidade para o aproveitamento disso.

“Esta foi também a proposta do diabo a Jesus nas tentações. Uma sobre o pão, justamente. A outra sobre o espetáculo: ‘Mas façamos um belo espetáculo, assim todas as pessoas acreditarão em ti’. E a terceira, a apostasia: ou seja, a adoração dos ídolos. E esta é uma tentação cotidiana dos cristãos, nossa, de todos nós que somos a Igreja: a tentação não do poder, da potência do Espírito, mas a tentação do poder mundano. Assim se cai naquele torpor religioso ao qual leva a mundanidade, aquele torpor que acaba, quando cresce, cresce, cresce, naquela atitude que Jesus chama hipocrisia”.

Deste modo, afirmou o Papa, a pessoa se torna cristã de nome, de atitude externa, mas o coração tem interesses, como dizia Jesus. “Em verdade, em verdade, vos digo: vós me procurais não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos saciastes”. É a tentação de “escorregar na mundanidade, nos poderes” e assim a fé se enfraquece, assim como a missão e a Igreja.

“O Senhor nos desperta com o testemunho dos santos, com o testemunho dos mártires, que todos os dias nos anunciam que a missão é caminhar na estrada de Jesus: anunciar o ano da graça. As pessoas entendem a advertência de Jesus e perguntam: ‘Que faremos para trabalhar nas obras de Deus?’. Jesus responde: ‘A obra de Deus é que creiais naquele que Ele enviou’, isto é, a fé Nele, somente Nele, a confiança Nele e não nas outras coisas que nos levarão para longe Dele. Esta é a obra de Deus: que creiais naquele que ele enviou, Nele”.

O Papa concluiu a homilia com esta oração ao Senhor: “Que Deus nos dê esta graça do estupor do encontro e também ele nos ajude a não cair no espírito de mundanidade, isto é, aquele espírito que por atrás ou abaixo de uma verniz de cristianismo nos levará a viver como pagãos”.

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