O Papa Bento XVI falou sobre os grandes desafios humanos e espirituais que, a cada dia, os capelães afrontam nas prisões do mundo inteiro. O Papa tratou do tema ao receber em audiência, esta manhã, na Sala dos Suíços, na residência apostólica de Castel Gandolfo, os participantes do XII Congresso mundial da Comissão internacional da pastoral católica carcerária, organizado em Roma com o tema "Descobre a face de Jesus em cada detento". Os cerca de 250 delegados presentes encontravam-se acompanhados do presidente da Comissão, Dr. Christian Kuhn.
O ministério de vocês é "um intenso encontro com o Senhor", disse Bento XVI, um ministério que "requer paciência e perseverança", comumente marcado por "desilusões e frustrações" e que encontra na estreita ligação com os bispos, o guia necessário "para crescer a consciência" de "uma missão vital", de encorajamento para a comunidade cristã local a unir-se em obras de misericórdia, enriquecendo a vida eclesial da diocese.
Uma missão _ acrescentou o Papa dirigindo-se aos capelães e a seus colaboradores _ capaz "de conduzir aqueles que vocês servem ao coração da Igreja presente no mundo inteiro, sobretudo através da participação regular na celebração dos sacramentos da Penitência e da Sagrada Eucaristia".
Se "os detentos _ observou o Santo Padre _ facilmente podem ser tomados de sentimentos de isolamento, vergonha e rejeição que ameaçam destruir as suas esperanças e aspirações pelo futuro", vocês são chamados, nesse contexto, "a ser mensageiros da infinita compaixão e do perdão de Deus".
"Em colaboração com as autoridades civis, vocês estão engajados na grande tarefa de ajudar os encarcerados a redescobrir o sentido de um projeto, de modo que, com a graça de Deus, eles possam refazer as suas vidas, reconciliar-se com as suas famílias e amigos e, quanto possível, assumir as responsabilidades e os deveres que os tornarão capazes de conduzir vidas retas e honestas na sociedade".
As instituições judiciais e penais _ ressaltou Bento XVI _ desempenham um papel fundamental ao proteger os cidadãos e salvaguardar o bem comum", mas ao mesmo tempo devem ajudar a reabilitar quem errou e facilitar "a sua transição do desespero à esperança, da falta de responsabilidade à confiança".
Daí, a recomendação do Ppa a que as autoridades públicas sejam sempre vigilantes nessa tarefa evitando toda medida punitiva ou corretiva que possa minar ou degradar a dignidade humana dos prisioneiros.
Por isso, "reitero _ advertiu Bento XVI _ que a proibição contra a tortura não pode ser transgredida em nenhuma circunstância".
Por sua vez, o presidente da Comissão internacional da pastoral católica carcerária _ da qual participam 100 países _, Dr. Christian Kuhn, ressaltou a finalidade do Congresso de Roma de chamar a atenção do mundo sobre a sorte dos mais de 9 milhões de pessoas detidas nas prisões, e de dar novo impulso ao trabalho de assistência material e espiritual aos encarcerados, para afrontar os mais graves desafios, em primeiro lugar, "o sempre difuso uso da pena de morte", o recurso à tortura, e as condições desumanas de muitas instituições penitenciárias.