“Com licença, obrigado e desculpas” foram as três palavras que Francisco enfatizou hoje na catequese com os fiéis na Praça São Pedro
Rádio Vaticano
“Com licença, obrigado e desculpas”. Estas foram as palavras-chave da catequese do Papa Francisco nesta quarta-feira, 13. De agora em diante, as reflexões semanais do Papa com os fiéis na Praça São Pedro terão como foco a vida cotidiana das famílias.
Prosseguindo suas reflexões preparatórias para o Sínodo da Família, no próximo mês de outubro, o Pontífice voltou a falar da ‘boa educação’, lembrando que aquelas três palavras, que já citou outras vezes em seu pontificado, são simples, mas ao mesmo tempo difíceis de colocar em prática. E quando não são usadas, podem-se abrir ‘rachaduras’ que levam as famílias a ‘desmoronar’.
Mas o hábito de ser ‘bem educado’ não pode se traduzir apenas em formalismo, em aridez, ressalvou Francisco, recordando o provérbio que diz: “Por trás das boas maneiras escondem-se maus hábitos”. Ele também citou o diabo, que, quando tentou Jesus, parecia um cavalheiro.
Sobre a palavra ‘licença’, Francisco explicou que entrar na vida do outro, mesmo que faça parte da vida da própria pessoa, requer a delicadeza de um comportamento não invasor.
“A intimidade não autoriza a dar tudo por certo. Quanto mais íntimo e profundo o amor, mais exige respeito da liberdade e a capacidade de aguardar que o outro abra as portas de seu coração”.
“Agradecer”
A segunda palavra, ‘obrigado’, recorda, segundo o Papa, que na civilização atual, a gentileza e a capacidade de agradecer são vistas às vezes como um sinal de fraqueza.
“Sejamos intransigentes na educação à gratidão: a dignidade da pessoa e a justiça social passam por aqui. Se a vida familiar subestima este estilo, a vida social também o perderá. A gratidão, para quem crê, está no coração da fé: um cristão que não sabe agradecer é alguém que esqueceu a linguagem de Deus”, repetiu duas vezes.
Improvisando, o Papa revelou ter conhecido uma senhora de muita ‘sabedoria’, que dizia que “a gratidão é uma planta que cresce somente na terra de pessoas de alma nobre”.
“Pedir desculpa”
E por fim, o termo ‘desculpas’, palavra difícil, mas muito necessária, afirmou o Papa, mencionando a oração do Pai Nosso: “Perdoai-nos as nossa ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.
“Se não formos capazes de pedir desculpas, não seremos capazes de perdoar. Nas casas aonde não se pede desculpas, falta ar e feridas começam a se abrir. Também na vida de casal briga-se muitas vezes, mas o conselho do Papa é sempre o mesmo: nunca terminar o dia sem fazer as pazes, e para isso, é suficiente um pequeno gesto.. pode ser até um carinho, sem palavras…”.
Concluindo, Francisco reiterou que “estas três palavras são tão simples que até podem fazer as pessoas sorrirem, mas quando são esquecidas, não é muito engraçado.
“Que o Senhor nos ajude a colocá-las no lugar certo, no nosso coração, em nossas casas e também na convivência civil”, completou, convidando a Praça a repetir com ele as três palavras-chave e a invocação de fazer as pazes com a família antes de ir dormir.
Antes de iniciar a catequese, Francisco se deteve em oração alguns instantes diante de uma réplica da imagem de Nossa Senhora de Fátima, celebrada pela Igreja hoje.