Clero romano

Papa realiza encontro com padres da Diocese de Roma

O Papa Bento XVI se encontrou, nesta quinta-feira, 26, na Sala das Bênçãos, no Vaticano, com o clero romano. O tradicional encontro com o clero de sua diocese, no início da Quaresma, foi o primeiro com o novo vigário do papa para a Diocese de Roma, Cardeal Agostino Vallini.

As razões profundas da crise econômica, a importância do primeiro anúncio, a emergência educacional, o papel do pároco na sociedade de hoje e a centralidade da liturgia na vida do cristão foram alguns dos temas tratados por Bento XVI no encontro.

Na introdução do evento, o Cardeal Vallini ressaltou a dimensão familiar do encontro, no qual os párocos romanos puderam falar a seu bispo dos sucessos e dificuldades da atividade pastoral.

O Papa ressaltou como é importante, para ele, poder ouvir as experiências dos sacerdotes de sua diocese. O pontífice respondeu a oito perguntas feitas por párocos, que falaram também em nome dos demais.

Respondendo a um sacerdote da periferia de Roma, onde particularmente se sente a crise econômica, Bento XVI reiterou que a Igreja é chamada a denunciar, sem moralismos, o falimento do sistema econômico-financeiro:

"Denunciar esses erros fundamentais que agora foram vistos com a quebra dos grandes bancos norte americanos: a avareza humana é idolatria que se manifesta contra o verdadeiro Deus e é a falsificação da imagem de Deus com outro deus – o dinheiro. Devemos denunciar isso com coragem, mas também concretamente, porque os grandes moralismos não ajudam se não são baseados no conhecimento da realidade, que ajuda também a entender o que se pode fazer concretamente".

O Papa ressaltou que a Igreja não somente denuncia os males, mas mostra os caminhos que levam à justiça, à caridade, à conversão dos corações; e frisou que a Igreja sempre fez isso, mas reconheceu que nem sempre é fácil fazê-lo, porque muitas vezes se opõem a interesses da sociedade.

O Pontífice observou que, também na economia, a justiça se constrói somente se existirem pessoas justas, e que estas se transformam com a conversão dos corações. Bento XVI exortou o clero romano a unir os estudos da teologia com a experiência concreta para traduzir a Palavra de Deus ao homem de hoje.

"Não devemos perder a simplicidade da Verdade, que não pode ser assimilada a uma filosofia", disse. Em seguida, o Santo Padre ressaltou o papel do pároco, que, como ninguém – afirmou – conhece o homem em sua profundidade, para além do papel que desempenha na sociedade:

"Precisamos de dois elementos para o anúncio: testemunho e palavra. É necessária a palavra, que faz aparecer a verdade de Deus, a presença de Deus em Cristo e, portanto, o anúncio é algo absolutamente indispensável, fundamental; mas é necessário também o testemunho, que dá credibilidade a essa palavra, para que não se mostre somente como uma bela filosofia, uma utopia. E, nesse sentido, parece-me que o testemunho da comunidade dos fiéis é de grande importância. Devemos criar, na medida do possível, lugares de experiência da fé".

Em seguida, o Papa fez uma reflexão sobre um tema que lhe é particularmente precioso: o da emergência educacional. Nesse sentido, Bento XVI afirmou que é tarefa dos sacerdotes oferecer aos jovens uma formação humana integral.

O Pontífice reiterou que vivemos hoje num mundo onde muitas pessoas têm tantos conhecimentos, mas sem uma orientação interior ética. Por isso, a Igreja tem o dever de propor uma formação humana iluminada pela fé. O Santo Padre frisou que é preciso se abrir à cultura do nosso tempo, mas indicando critérios de discernimento.

Por fim, Bento XVI indicou a peculiaridade da Igreja de Roma, chamada a atuar na Caridade. O Papa acrescentou que o ministério petrino deve garantir a unidade e a riqueza da Igreja, evitando toda absolutização e excluindo todo particularismo.

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