Encontro com os Bispos

Papa mostra que conhece o Brasil

O Canção Nova Notícias fez uma entrevista exclusiva com Padre Paulo Ricardo que analiza a visita de Bento XVI ao Brasil. Acompanhe a íntegra.

CN Notícias: O que o senhor achou das palavras do Santo Padre dirigidas aos bispos do Brasil?
Padre Paulo: Eu fiquei impressionado pela amplitude do conhecimento e pela profundidade da análise da realidade eclesial brasileira. Quem ouviu o Papa tem a impressão de que o Papa mora no Brasil.

CN Notícias: De onde vem este conhecimento do Papa?
Padre Paulo: Certamente ele vem dos próprios bispos brasileiros. A Santa Sé mantém um contato freqüente com os bispos do Brasil e do mundo inteiro. A cada cinco anos, por exemplo, os bispos têm o dever de ir a Roma para visitar o túmulo dos apóstolos São Pedro e São Paulo. Nesta ocasião eles apresentam relatórios à Santa Sé. Por isto o Papa está muito bem informado a respeito da realidade eclesial brasileira.

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CN Notícias: Mas o que foi que o Papa veio trazer de novo?
Padre Paulo: O Papa veio confirmar os bispos brasileiros, aos quais ele se referiu com carinho. “Encontro-me com um episcopado de prestígio” – disse o Papa. Mas veio também iluminá-los com a sua profunda e característica análise espiritual da realidade. Joseph Ratzinger manifestou com freqüência esta sua capacidade de ler a realidade de forma teológica e profunda. Vemos isto especialmente nos seus livros de entrevistas (Sal da Terra e A fé em crise?). Este é um dom pessoal que se demonstrou providencial, considerada sua atual missão magisterial como sucessor de Pedro.

CN Notícias: Quais os temas que de maior importância abordados pelo Papa?
Padre Paulo: Boa parte do seu discurso o Santo Padre dedicou ao problema dos “católicos que abandonam a vida eclesial”. A hemorragia de católicos que ingressam em tantas seitas. Aqui se faz profética a citação da encíclica Deus caritas est: “Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande idéia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo” (n.1). Não adianta querer atrair os católicos afastados com discursos moralizantes. É o encontro com Jesus, Filhos de Deus vivo e verdadeiro, que irá resgatar o povo brasileiro. A solução é esta: “Uma pastoral da acolhida que os ajude a sentir a Igreja como lugar privilegiado do encontro com Deus e mediante um itinerário catequético permanente”. Aqui, diz o Papa, assumem um papel essencial o Catecismo da Igreja Católica e o seu Compêndio.

.: Aprofunde o que o Padre Paulo diz a este respeito

CN Notícias: A preocupação do Papa é com o número?
Padre Paulo: Muito pelo contrário. A preocupação do para é com o indivíduo. Como ele diz: “a salvação das almas, uma a uma”. Gostaria de comentar isto com as palavras do próprio Papa, há quase 40 anos atrás, no seu livro O novo povo de Deus. Já naquela época, ele recordava que a Igreja diminuiria em seu número. Não porque o Papa queira reduzir a Igreja. Mas ele é um bom médico e sabe fazer com precisão o diagnóstico dos nosso males: estamos num mundo pós-cristão. Este mundo, porém, embora tenha se tornado pagão, “insiste” em se considerar cristão. Por isto, a ilusão pode perdurar por mais tempo: ilusão de que as pessoas são cristãs, quando, na verdade, são apenas batizadas… O remédio para esta doença é um método missionário baseado naquilo que o Papa nos indica: a) encontro com Jesus; b) catequese permanente.

CN Notícias: De que outros temas fala o Papa?
Padre Paulo: São muitos: os valores (como a família, o matrimônio, o celibato); a disciplina eclesial (respeito às normas litúrgicas, a disponibilidade maior dos padres de atenderem às confissões dos fiéis, a fidelidade ao Papa); também temas sociais: combate à pobreza, a formação dos políticos). Vale a pena ler o discurso todo.

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