Papa emérito que completa hoje 88 anos foi recordado na oração por Francisco; na homilia, uma reflexão sobre a obediência
Da Redação, com Rádio Vaticano
O Papa Francisco celebrou a Missa desta quinta-feira, 16, na intenção do seu predecessor, Bento XVI, que completa 88 anos. “Gostaria de lembrar que hoje é o aniversário de Bento XVI. Ofereci a missa para ele (Bento XVI) e também convido todos a rezarem por ele, para que o Senhor o sustente e lhe dê tantas alegrias e felicidades”, disse Francisco.
Na homilia, o Pontífice comentou a liturgia do dia, que fala da obediência. Francisco observou que a obediência às vezes leva a pessoa a um caminho diferente do que ela pensou para si. Mas obedecer é ter a coragem de mudar o rumo quando Deus assim pede.
“Quem obedece tem a vida eterna”, enquanto para “quem não obedece, a ira de Deus permanece sobre ele”. O Santo Padre comentou a primeira leitura extraída dos Atos dos Apóstolos, que revela a ordem dos sacerdotes e dos chefes para que os discípulos de Jesus não pregassem mais o Evangelho ao povo, pois estavam com ciúmes, já que na presença deles ocorriam milagres.
Os discípulos foram encarcerados, mas à noite, o Anjo de Deus os libertou e voltaram a anunciar o Evangelho. Presos e interrogados novamente, Pedro respondeu às ameaças do sumo sacerdote: “É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens”. Os sacerdotes não entendiam isso.
“Mas estes eram doutores, tinham estudado a história do povo, tinham estudado as profecias, a lei, conheciam assim toda a teologia do povo de Israel, a revelação de Deus, sabiam tudo, eram doutores, e foram incapazes de reconhecer a salvação de Deus. Mas como é possível essa dureza de coração? Porque não é dureza de cabeça, não é simples ‘teimosia”. É a dureza… E pode-se perguntar: como é o percurso desta teimosia, que é total, de cabeça e de coração?”.
O itinerário dessa teimosia, destacou o Papa, é o fechar-se em si mesmo, é a falta de diálogo. “Eles não sabiam dialogar, não sabiam dialogar com Deus, porque não sabiam rezar e ouvir a voz do Senhor, e não sabiam dialogar com os outros. ‘Mas por que esta interpretação?’. Somente interpretavam como era a lei para fazê-la mais precisa, mas estavam fechados aos sinais de Deus na história, estavam fechados ao seu povo. Estavam fechados, fechados. E a falta de diálogo, este fechamento do coração, os levou a não obedecer a Deus. Este é o drama desses doutores de Israel, desses teólogos do povo de Deus: não sabiam ouvir, não sabiam dialogar. O diálogo se faz com Deus e com os irmãos”.
Diálogo
E o sinal que revela que uma pessoa não sabe dialogar, não está aberta à voz do Senhor, aos sinais que o Senhor faz no povo é a fúria e a vontade de calar os que pregam, neste caso, a novidade de Deus, isto é, Jesus ressuscitado. Não têm razão, mas chegam a isso. É um itinerário doloroso. Estes são os mesmos que pagaram os guardiões do sepulcro para dizer que os discípulos tinham roubado o corpo de Jesus. Fazem de tudo para não abrirem-se à voz de Deus”:
“E nesta Missa rezemos pelos mestres, pelos doutores, por aqueles que ensinam ao povo sobre Deus, para que não se fechem, para que dialoguem e, assim, se salvem da ira de Deus que, se não mudarem atitude, permanecerá sobre eles”.