O Papa recebeu reitores, professores, estudantes e funcionários das instituições acadêmicas pontifícias e pediu para estarem aberto às iniciativas corajosas e inéditas para favorecer a missão universal da Igreja
Da redação, com Vatican News
Na manhã deste sábado, 25, ao receber cerca de 3.000 pessoas na Sala Paulo VI, entre reitores, professores, alunos e funcionários das Pontifícias Universidades e Instituições Romanas, Francisco exorta à estarem unidos para enfrentar os desafios inéditos do presente.
Francisco ressaltou que sobretudo depois da pandemia de Covid-19, urge iniciar um processo que leve a uma sinergia eficaz, estável e orgânica entre as instituições acadêmicas, para melhor honrar as finalidades específicas de cada uma e para favorecer a missão universal da Igreja:
“E não ficar brigando entre nós para pegar um aluno, uma hora a mais. Por isso, convido-os a não se contentar com soluções efêmeras e a não pensar neste processo de crescimento apenas como uma ação ‘de defesa’, voltada a enfrentar o declínio dos recursos econômicos e humanos.”
Segundo Francisco, pelo contrário, deve ser visto como um impulso para o futuro, como um convite a aceitar os desafios de uma nova era na história.
A realidade é mais importante que a ideia
O legado secular das faculdades e universidades pontifícias nascidas em Roma graças à “generosidade e clarividência de muitas ordens religiosas” deve ser desenvolvido, iniciando “o mais breve possível um confiante processo um processo” em uma “direção coral”, é o que explica o Papa:
“Com inteligência, prudência e audácia, tendo sempre presente que – especifica o Bispo de Roma – a realidade é mais importante que a ideia. Se quereis que tenha um futuro fecundo, a sua custódia não pode limitar-se a manter o que foi recebido: deve, pelo contrário, estar aberta a desenvolvimentos corajosos e, se necessário, também inéditos.”
A este propósito, o Papa indica o Dicastério para a Cultura e a Educação como interlocutor para acompanhar as instituições acadêmicas neste caminho.
Cristo rege o coro
“Coral” é a realidade da esperança, observa o Pontífice que, contemplando Cristo Ressuscitado, obra de Pericle Fazzini que se sobressai no palco da Sala Paulo VI, reflete sobre como as mãos desta escultura se assemelham às de um maestro de coro:
“A direita aberta parece dirigir o conjunto dos coristas; a esquerda com o índice pontiagudo sugere a ideia de que ele está convocando um solista, dizendo: ‘É a sua vez’:
As mãos de Cristo envolvem ao mesmo tempo o coro e o solista, explica o Papa, de modo que no concerto o papel de um coincide com o do outro, numa complementaridade construtiva:
“Por favor: nunca solistas sem coro. ‘É a vez de todos vocês’ e ao mesmo tempo: ‘É a sua vez!’. Assim o dizem as mãos do Ressuscitado. Enquanto contemplemos seus gestos, renovemos o nosso empenho em ‘fazer coro’, na harmonia e no acordo das vozes, dóceis à ação viva do Espírito.
Mente, coração e mãos
Por outro lado, a universidade é a escola do acordes e da consonância entre as diversas vozes e instrumentos: “o lugar”, diz Francisco citando São John Henry Newman, “onde diversos saberes e perspectivas se expressam em harmonia, se complementam, se corrigem entre si e se equilibram”.
Contudo, Francisco diz que esta é uma harmonia que antes de tudo deve ser cultivada a partir de si mesmo, sintonizando as três inteligências que vibram na alma: mente, coração e mãos.
“Que estas últimas, comparadas por Aristóteles e Kant respectivamente à alma e ao cérebro externo do homem”, exorta o Pontífice, “sejam ‘eucarísticas como as de Cristo,’ capazes de dar graças, de misericórdia, de generosidade e de ‘apertar outras mãos.’”
O Pontífice recorda que a primeira vez que foi à Praça, como Papa, aproximou-se de um grupo de meninos cegos. Na ocasião um lhe disse: “Posso te ver? Posso te dar uma olhada?
“Eu não entendi. ‘Sim’, eu disse a ele. E procurava-me, com as mãos, ‘Ah, obrigado’: viu-me com as mãos. Isso me tocou muito.”
A inteligência das mãos sensíveis
Se “o verbo pegar (prendere, em italiano) indica uma ação tipicamente manual”, continua o Bispo de Roma, “é também a raiz de palavras como compreender, aprender e surpreender: enquanto as mãos pegam, a mente entende, aprende e não se deixa surpreender”:
Por fim o Papa afirma que para que isso aconteça, são necessárias mãos sensíveis, pois a mente não conseguirá entender nada se as mãos estiverem fechadas pela avareza, ou se forem ‘mãos sujas’, que desperdiçam tempo, saúde e talentos, ou ainda se recusarem a dar a paz, a cumprimentar e apertar outras mãos.
“Não poderá aprender nada se as mãos tiverem dedos apontando sem piedade para os irmãos e irmãs que erram. E não poderá surpreender-se com nada, se as mesmas mãos não sabem se unir e subir ao Céu em oração.”