Audiência no Vaticano

Papa aos ciganos: "Vós estais no coração da Igreja!"

O Papa Bento XVI recebeu em audiência milhares de ciganos europeus das etnias Zingari e Rom na manhã deste sábado, 11, na Sala Paulo VI, no Vaticano. O encontro foi promovido pelo Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes no marco do 75° aniversário do martírio e do 150° do nascimento do Beato Zeferino Giménez Malla (1861-1936), cigano de origem espanhola.

"O Servo de Deus Paulo VI dirigiu aos Ciganos, em 1965, estas inesquecíveis palavras: 'Vós, na Igreja, não estais às margens, mas, sob certos aspectos, estais no centro, estais no coração. Vós estais no coração da Igreja'. Também eu repito hoje com afeto: vós estais no coração da Igreja! Sois uma amada porção do Povo de Deus peregrino. […] A Igreja caminha convosco e vos convida a viver segundo os compromissos exigentes do Evangelho, confiando na força de Cristo, rumo a um futuro melhor", salientou.

O Pontífice recordou que o povo cigano deu à Igreja o Beato Zeferino, cuja profunda religiosidade encontrava expressão na participação cotidiana na Santa Missa e na oração do Rosário. Foi propriamente esse, que mantinha sempre em mãos, a causa de seu martírio durante a Guerra Civil Espanhola, motivo pelo qual Zeferino é um autêntico "mártir do Rosário".

"Hoje, o beato Zeferino vos convida a seguir o seu exemplo e vos indica o caminho: a dedicação à oração e em particular ao Rosário, o amor pela Eucaristia e pelos outros Sacramentos, a observância dos mandamentos, a honestidade, a caridade e a generosidade pelo próximo, especialmente pelos pobres; isso vos tornará fortes frente ao risco de que as seitas ou outros grupos coloquem em perigo a vossa comunhão com a Igreja", afirmou.

O Bispo de Roma pediu que os dons do Espírito Santo fossem derramados em abundância sobre todos os ciganos espalhados pelo mundo. Da mesma forma, pediu a intercessão da Virgem Maria, invocada por essa etnia como Amari Devleskeridej, "Nossa Mãe de Deus", e do Beato Zeferino.

Novas perspectivas

O Papa salientou que a história do povo cigano é complexa e também dolorosa em alguns períodos. Sem uma pátria ou porção territorial definida, enfrentam o sério problema das difíceis relações com as sociedades em que vivem, provando o "sabor amargo" da falta de acolhida e da perseguição, como aconteceu durante a II Guerra Mundial, quando milhares de ciganos foram mortos nos campos de extermínio.

"A consciência europeia não pode esquecer tanta dor! Nunca mais o vosso povo seja objeto de rejeição, perseguição e desprezo! Por sua parte, sempre buscais a justiça, a legalidade, a reconciliação e esforçai-vos para não serdes nunca causa de sofrimento aos outros!", exclamou.

O Santo Padre destacou que a situação começa a dar sinais de mudança. Os ciganos criaram uma cultura com expressões significativas, como a música e o canto, que enriqueceu a Europa. Algumas etnias já não são mais nômades, mas buscam estabilidade.

"Também a Europa, que reduz as fronteiras e considera como riqueza a diversidade dos povos e das culturas, oferece-vos novas possibilidades. Convido-vos, queridos amigos, a escrever em conjunto uma nova página da história para o vosso povo e para a Europa!", sublinhou Bento XVI. Ele indicou aos ciganos algumas bases sobre as quais construir uma integração que trará benefício para eles e toda a sociedade: busca de alojamento, trabalho digno, instrução para os filhos, valorização da família.

O povo cigano também é chamado a participar ativamente da missão evangelizadora da Igreja, promovendo atividades pastorais nas suas comunidades. Nesse sentido, a presença de sacerdotes, diáconos e pessoas consagradas que pertencem a essa etnia é um dom de Deus.

 

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