Israel e Palestina

Ordinários da Terra Santa: plano de paz EUA é uma iniciativa unilateral

Ordinários Católicos da Terra Santa afirmam que plano de paz de Trump é unilateral e não considera as justas reivindicações dos palestinos

Da redação, com agências

A Assembleia dos Ordinários Católicos da Terra Santa emitiu uma nota nesta quarta-feira, 29, comentando o Plano de Paz para o Oriente Médio apresentado na última terça-feira, 28, pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump.

Segundo a nota, o plano não considera os dois povos. Não dá dignidade e direitos aos palestinos. Deve ser considerado uma iniciativa unilateral, porque apoia quase todas as exigências de uma parte, a israelense, e a sua agenda política. Por outro lado, neste plano não há as justas reivindicações do povo palestino para com a própria pátria, os próprios direitos e a própria dignidade. Este plano – reiteram os Ordinários Católicos – não levará a nenhuma solução, somente criará mais tensões e provavelmente mais violência e sangue”.

É do mesmo parecer o franciscano padre Ibraim Faltas, Conselheiro da Custódia da Terra Santa: “É indispensável encontrar uma solução para Jerusalém. O coração do conflito entre palestinos e israelenses é sempre Jerusalém”.

“É indispensável encontrar uma solução para Jerusalém. O coração do conflito entre palestinos e israelenses é sempre Jerusalém”, afirma Conselheiro da Custódia da Terra Santa / Foto: Arquivo Canção Nova

Proposta do Plano de paz

O plano de paz apresentado pelo presidente Donald Trump propôs a criação de um estado da Palestina que coexista com Israel. O objetivo do acordo seria pôr fim a décadas de conflito entre israelenses e palestinos.

Segundo o plano, Israel teria controle sobre a totalidade de Jerusalém como sua capital, e seria criada uma capital da Palestina na periferia a leste de Jerusalém, do lado de fora de um muro construído por Israel.

A proposta de Trump reconhece a maior parte dos assentamentos israelenses na Cisjordânia como parte do território de Israel.

Repercussão

Depois da apresentação do plano de paz, continuam incessantes as críticas para uma solução do conflito que pode levar a mais violências entre israelenses e palestinos.

Presente no discurso realizado por Trump, na última terça-feira, 28, na Casa Branca, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu disse que o acordo “é a oportunidade do século” e que o país não irá deixá-lo passar.

Já o presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, rejeitou fortemente a proposta, afirmando que Jerusalém não está à venda. Ele descreveu o acordo como uma conspiração que não será aceita.

Seguindo o não dos palestinos, também o presidente turco Erdogan reprova o plano de Trump que prevê a criação de dois Estados com Jerusalém como capital soberana e indivisível de Israel, e Jerusalém leste da Palestina. “Jerusalém não está à venda” e os nossos direitos não são negociados, afirmou Abu Mazen.

Santa Sé na ONU

Enquanto isso no debate aberto no Conselho de Segurança das Nações Unidas, realizado nesta quarta-feira, 29, em Nova Iorque, o representante da Santa Sé Frederick Hansen referiu que é de máxima importância que os desafios entre as partes sejam enfrentados com uma abordagem holística, assim como o compromisso da comunidade internacional diante de um diálogo aberto e construtivo. E que sejam baseados nos princípios de fundação das Nações Unidas de 75 anos atrás.

A Santa Sé e o Papa continuam a dar uma particular atenção à Cidade Santa de Jerusalém, “à sua vocação de cidade da paz”. Portanto renova o apelo para que “sejam mantidos o status quo dos lugares santos de Jerusalém, caros aos judeus, aos cristãos e aos muçulmanos” e importantes para o patrimônio cultural de toda a família humana.

A urgência de que toda a comunidade internacional reconfirmasse o seu compromisso de apoio do processo de paz entre Israel e Palestina, já tinha sido evidenciado com força pelo Papa no discurso ao Corpo Diplomático em janeiro.

E o Secretário Geral da ONU, António Guterres, no Relatório de dezembro dizia que a triste alternativa é que a situação está destinada a piorar constantemente, “diminuindo ainda mais a possibilidade da solução de dois Estados baseados nas linhas de 1967”.

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