Novo relatório

ONU: aquecimento global sem precedentes tem clara influência humana

Relatório alerta sobre maiores mudanças em padrões de umidade e aridez

Da redação, com ONU News

/ Foto: Matt Broch – Unsplash

Um novo relatório das Nações Unidas prevê que a temperatura global da superfície terrestre continue aumentando até pelo menos meados deste século, considerando todos os cenários de emissões. 

Até o fim do Século 21, poderá ocorrer um aquecimento global acima de 1,5 ° C e 2 ° C, a menos que haja reduções profundas nas emissões de CO2 e outros gases de efeito estufa nas próximas décadas. 

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O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas aponta possível estabilização nas alterações em até 30 anos; danos irreversíveis afetam oceanos; aumento de ondas de calor nos mares será acompanhada por acidificação e baixos níveis de O2.  

Relatório 

As temperaturas globais podem levar entre 20 a 30 anos até que se estabilizem. O relatório Mudança Climática 2021: a Base das Ciências Físicas, foi adotado pelos 195 membros do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, Ipcc.

O estudo realça a influência humana no aquecimento do planeta num ritmo sem precedentes pelo menos nos últimos 2 mil anos. Com isso, as consequentes mudanças na temperatura e nos extremos climáticos afetam todas as regiões do mundo.

Alterações causadas pelas emissões de gases de efeito estufa no passado e no futuro serão irreversíveis daqui a séculos ou milênios. As mudanças mais destacadas serão em oceanos, geleiras e no nível global no mar. 

O relatório é publicado após a atualização sobre a ciência e o clima de 2013, quando governos se preparam para apresentar planos de redução de emissões na Cúpula do Clima, COP-26, agendada para novembro em Glasgow, na Escócia. 

Ondas de calor 

Entre os efeitos de mudanças atribuídas à influência humana no oceano estão o aquecimento, a frequência de ondas de calor marinhas, a acidificação e a baixa dos níveis de oxigênio. 

Prevê-se que esses efeitos continuem em longo prazo, pelo menos no resto deste século, afetando ecossistemas dos mares e pessoas que dependem deles. 

Aquecimento do Ártico está a impulsionar muitas das mudanças em curso na região, incluindo a perda de gelo marinho e alterações nos ecossistemas terrestres e marinhos.

Em cidades, fenômenos como calor e inundações fortes podem piorar com a maior precipitação em todas as regiões. Com um cenário de aquecimento global a 1,5 ° C haverá mais ondas de calor, maior duração de estações quentes e menos frio.

Para o aquecimento global a 2° C, os extremos de calor atingiriam mais frequentemente o nível crítico de tolerância para setores como agricultura e saúde. De acordo com o relatório, haverá mudanças em padrões de umidade e aridez. 

Regiões subtropicais 

Em relação ao ciclo da água, preveem-se chuvas mais intensas e inundações associadas.  As secas serão mais intensas em muitas regiões e a precipitação deverá aumentar em zonas altas, diminuindo em grande parte das regiões subtropicais.  

Em áreas costeiras continuará aumentando o nível do mar no século 21. A situação agravará as enchentes em regiões costeiras baixas, bem como a ocorrência da erosão. Eventos extremos antes registrados a cada 100 anos nos mares podem ocorrer a cada ano. 

Espera-se ainda o degelo do solo permanentemente gelado, o permafrost, e a perda da cobertura de neve sazonal. Esse fenômeno será acompanhado de derretimento de geleiras e glaciares, além da perda de gelo do mar Ártico durante o verão. 

Apelo 

O secretário-geral das Nações Unidas reagiu ao relatório divulgado esta segunda-feira pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, IPCC. 

Segundo António Guterres, o documento é “um código vermelho para a humanidade”, com uma evidência irrefutável: as emissões de gases a partir da queima de combustíveis fósseis e do desmatamento estão sufocando o planeta e colocando bilhões de pessoas em risco.

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Sentença de Morte 

Guterres afirma ainda que o relatório “deve soar como uma sentença de morte para os combustíveis fósseis, antes que destruam o planeta”. O chefe da ONU pede ação imediata para cortes profundos das emissões dos poluentes, já que sem isso, não será possível limitar o aquecimento da temperatura global a 1.5 °C.

Ele defende que a capacidade para as energias solar e eólica seja quadruplicada até 2030 e pede que os investimentos em energias renováveis tripliquem, para que a trajetória de zero emissões seja mantida até meados deste século. 

O secretário-geral lembra que o aquecimento global está afetando todas as regiões do planeta Terra, sendo que muitas mudanças são irreversíveis, já que as concentrações de gases de efeito estufa atingiram níveis recorde. 

Evitar Catástrofe 

Para António Guterres, líderes de governos e de empresas e as sociedades precisam se unir em torno de políticas, ações e investimentos para limitar o aquecimento da temperatura. 

O secretário-geral lembra que o mundo “deve isso à família humana, em especial às comunidades e nações mais vulneráveis e pobres, que são as mais atingidas pela emergência climática”.

Guterres afirma que as “soluções são claras”, sendo possível ter “economias verdes e inclusivas, prosperidade e ar limpo”. Todas as nações, especialmente o G-20, precisam fazer parte da coalisão de emissões zero e reforçar os compromissos antes da COP-26, marcada para novembro, em Glasgow. 

O secretário-geral acredita ser possível evitar uma catástrofe climática, se houver, imediatamente, união de forças. Ele está contando com todos os governos e líderes para garantir que a COP-26 seja um sucesso. 

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