Embaixadores da Rússia e da China na ONU, que se abstiveram, queixaram-se que a resolução não confere à ONU um papel claro acerca do futuro de Gaza
Da redação, com Reuters

China e Rússia se abstiveram, mas resolução estadunidense para o processo de paz em Gaza foi aprovada pela maioria / Foto: Reprodução Reuters
O Conselho de Segurança da ONU votou na segunda-feira, 17, pela adoção de uma resolução elaborada pelos Estados Unidos que endossa o plano do presidente Donald Trump para encerrar a guerra em Gaza e autoriza uma força internacional de estabilização para o enclave palestino.
A resolução foi aprovada com 14 votos a favor e nenhum contra.
Os embaixadores da Rússia e da China na ONU, que se abstiveram, reclamaram que a resolução não confere à ONU um papel claro no futuro de Gaza.
“Em essência, o Conselho está dando sua bênção a uma iniciativa dos EUA com base em promessas de Washington, concedendo controle total sobre a Faixa de Gaza ao Conselho de Paz e à Força Internacional de Estabilização (FIE), cujas modalidades ainda desconhecemos”, disse o embaixador russo Vassily Nebenzia ao Conselho após a votação.
“Em essência, o Conselho está dando sua bênção a uma iniciativa dos EUA com base em promessas de Washington, entregando o controle total da Faixa de Gaza ao Conselho de Paz e à FIE, cujas modalidades ainda desconhecemos”, disse o embaixador russo Vassily Nebenzia ao Conselho após a votação. Israel e o grupo militante palestino Hamas concordaram no mês passado com a primeira fase do plano de 20 pontos de Trump para Gaza — um cessar-fogo na guerra que já dura dois anos e um acordo para a libertação dos reféns —, mas a resolução das Nações Unidas é vista como vital para legitimar um órgão de governança de transição e tranquilizar os países que estão considerando enviar tropas para Gaza.
A resolução
O texto da resolução afirma que os Estados-membros podem participar do Conselho de Paz, presidido por Trump, idealizado como uma autoridade de transição que supervisionaria a reconstrução e a recuperação econômica de Gaza. A resolução também autoriza a força internacional de estabilização, que garantiria um processo de desmilitarização de Gaza, incluindo o desarmamento e a destruição da infraestrutura militar.
Em um comunicado, o Hamas reiterou que não se desarmará e argumentou que sua luta contra Israel é uma resistência legítima, o que pode colocar o grupo militante em conflito com a força internacional autorizada pela resolução.
Mike Waltz, embaixador dos EUA na ONU, disse que a resolução, que inclui o plano de 20 pontos de Trump como anexo, “traça um possível caminho para a autodeterminação palestina, em que os foguetes darão lugar a ramos de oliveira e haverá uma chance de se chegar a um acordo sobre um horizonte político”.
“A resolução desmantela o domínio do Hamas, garante que Gaza se erga livre da sombra do terror, próspera e segura”, disse Waltz ao Conselho antes da votação.
A Autoridade Palestina emitiu um comunicado saudando a resolução e afirmando estar pronta para participar de sua implementação. Diplomatas disseram que o apoio da Autoridade à resolução na semana passada foi fundamental para evitar um veto russo.
Trump comemorou a votação como “um momento de verdadeiras proporções históricas” em uma publicação nas redes sociais. “Os membros do Conselho, e muitos outros anúncios empolgantes, serão feitos nas próximas semanas”, escreveu Trump.




