Entrevista com Pe.Paulo Ricardo sobre a mensagem do Santo Papa Bento XVI dirigida aos jovens
noticias.cancaonova.com: Em sua mensagem aos jovens, o Papa demonstrou um grande amor e uma grande preocupação também pela juventude, em relação ao sentido que o jovem dá à sua vida. O senhor pode fazer um comentário em relação a essa preocupação de Bento XVI com a juventude hoje?
Pe. Paulo Ricardo: Mais do que comentar as palavras do Papa, gostaria de partilhar como suas palavras ecoaram no meu coração.
O Papa desafiou os jovens. Com o evangelho do jovem rico (cf. Mt 19, 16-22), o Santo Padre desafiou os jovens a optar por seguir Jesus. O jovem, nessa passagem bíblica, perguntou o que era necessário para “entrar na vida” (v.17). O jovem procura a vida, a felicidade! Não me esqueço nunca do que o Papa disse aos jovens em Colônia: “Queridos jovens, a felicidade que procurais, a felicidade que tendes o direito de saborear tem um nome, um rosto: o de Jesus de Nazaré”.
Talvez esta frase resuma de forma lapidar o que o Papa quis transmitir em sua mensagem de hoje. Mas falar deste busca da felicidade no contexto evangelho do jovem rico tem uma outra conseqüência. Dizer que Jesus é a felicidade é dizer que o Seu caminho é o caminho da felicidade. Trata-se do caminho pascal.
Jesus olha para o jovem e o desafia a vender tudo. O Senhor o desafia a trilhar o caminho da Páscoa: caminho de cruz e ressurreição. Todos queremos ressuscitar. Mas quem quer a cruz? Quem quer negar a si mesmo e fazer de Jesus a vida verdadeira? “Vai e vende tudo”.
O jovem chamou Jesus de “bom Mestre”. Recordo-me do que sua Santidade disse em sua autobiografia ao se referiu aos seus pais. Ele disse que seus pais eram muito bondosos: “mas uma bondade que também significava dizer não”. Jesus é assim. Um bom Mestre que nos desafia, nos dá mandamentos e às vezes diz não. Mesmo que não queiramos ouvir este não.
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noticias.cancaonova.com: Através de que lente o Papa enxerga os jovens de hoje? Que tipo de mudança a Igreja espera deles?
Pe. Paulo Ricardo: Os jovens devem ser evangelizados e evangelizadores. “Sede apóstolos dos jovens”, disse o Papa. Mas apóstolos também com o exemplo, com o testemunho. Por isso, o Sumo Pontífice convidou os jovens a redescobrir o valor do matrimônio e da família. Por isso também, ele falou das vocações consagradas.
O Papa sabe que o jovem é generoso. Mas a generosidade deles precisa ser acordada. E o grande clamor do Papa para acordar o jovem brasileiro, você que é Família Canção Nova, já conhece: “Queridos jovens, Cristo vos chama a serdes santos!”.
noticias.cancaonova.com: Que influência a pessoa do Santo Padre realiza nos jovens depois de um encontro como este?
Pe. Paulo Ricardo: A nossa juventude encontra no Papa o seu pai espiritual. É impressionante ver tantos jovens buscar na figura de um ancião de 80 anos uma palavra de orientação.
É isso que a mídia secular não compreende. Como é que tantos jovens seguem um Papa tido como conservador e ultrapassado?
Recordo-me do que o Santo Padre disse em seu livro de entrevistas “O Sal da Terra” que a videira, se não for podada, não produz frutos, mas apenas folhas. Também nós somos assim. Precisamos de uma palavra desafiadora, ou então, estamos fadados à esterilidade. O jovem sabe disso. Nosso jovem está cansado de ser adulado pelo mundo moderno. A sedução deste mundo só é capaz de produzir isto: “folhas estéreis”. Muitos jovens já experimentaram de tudo e sabem que o vazio continua.
Engana-se quem acha que estes jovens vieram de longe para ouvir apenas o Papa. Eles vieram ouvir Jesus. O Papa? O Papa foi quem mais ficou calado naquele encontro. Foi Jesus quem falou.
noticias.cancaonova.com: Recebemos informações de que havia alguns jovens distribuindo camisinhas com o rótulo do Ministério da Saúde no encontro com o Santo Padre. O que o senhor acha deste gesto?
Pe. Paulo Ricardo: Primeiro fico indignado que o dinheiro dos nossos impostos sejam utilizados pelo nosso Governo de forma tão leviana. Se tivéssemos um Governo decente, ele gastaria este dinheiro ensinando o jovem a se conter diante dos apelos do sexo desregrado. Esta é a única verdadeira maneira de nos libertar do flagelo da Aids.
Em segundo lugar, o gesto destes jovens é um desrespeito típico da esquerda radical. Eles são de um “singular pluralismo”. Só aceitam democracia se os outros estiverem com eles.
O mínimo que poderiam ter feito era respeitar a liberdade de religião. Nossa Igreja não tem o direito de se reunir em paz sem que esta gente venha profanar o que temos de mais sagrado?