"O amor vê mais do que a razão, quando a luz da razão não nos dá mais acesso, o amor vê e torna possível a experiência de um caminho humilde e realista, dia após dia, através do qual tocamos realmente o coração de Deus". Bento XVI resumiu durante a Audiência Geral desta quarta-feira, 14, com essas palavras o ensinamento de Dionísio Aeropagita, antigo autor cristão e Padre da Igreja, que tornou possível um diálogo entre o Evangelho e a Filosofia grega inspirada por Platão.
Segundo o Pontífice, Dionísio é um exemplo a ser seguido no diálogo inter-religioso, pois a sua Teologia, pode oferecer luzes ao diálogo entre o "Evangelho e as religiões místicas da Ásia".
.: Íntegra da Catequese do Papa Bento XVI
"Quando se entra na relação íntima com Cristo, explicou o Papa, desaparecem as polêmicas e é possível se aproximar, tomando a estrada da experiência humilde de dia após dia encontrar de novo a beleza da fé, o encontro com Deus em Cristo".
Refletindo sobre os escritos de Dionísio, Bento XVI disse que para conhecer a Deus de modo completo, o "verdadeiro" teólogo recorre em primeiro lugar a tudo que a Bíblia diz sobre Ele. Como nenhuma classificação expressa plenamente o mistério de Deus, se chega a uma teologia chamada "negativa", que afirma muito mais aquilo que Deus não é.
Os conceitos, continuou o Papa, são como imagens úteis para contemplar o que supera nosso entendimento e como sinais de um encontro pessoal com Deus, no qual a especulação dá lugar à contemplação e o conhecimento, à experiência.
Este caminho de Dionísio é uma disposição interior que rejeita aprisionar Deus em simples idéias, adaptando os mistérios divinos ao pensamento humano. É uma atitude existencial que abrange toda a pessoa, pois a verdadeira teologia requer uma transformação do sujeito.
Os escritos de Dionísio, disse ainda Bento XVI, se difundiram rapidamente no Oriente grego e entre os autores latinos da Idade Média. Seus esforços para inserir a verdadeira fé na cultura helenista de sua época são de grande atualidade nos nossos dias. Também hoje, é necessário entrar em diálogo com as novas culturas para assumir o que elas têm de valor, porém sem comprometer por isso a identidade cristã, baseada na Revelação.
O Santo Padre dirigiu, durante o encontro, seu pensamento às populações de Sichuam e das províncias limítrofes na China, duramente atingidas pelo terremoto que causou graves perdas humanas, muitos desaparecidos e prejuízos incalculáveis. E fez um apelo:
"Convido todos vocês a unirem-se a mim na fervorosa oração por todos aqueles que perderam a vida. Sou particularmente solidário às pessoas provadas por tão devastadora calamidade: imploremos a Deus o alivio do sofrimento para todos eles. Queira o Senhor conceder apoio àqueles que estão empenhados em responder às exigências imediatas de socorro."
Antes de concluir o encontro com os fiéis reunidos na Praça São Pedro, o Santo Padre dirigiu a sua saudação em várias línguas, entre as quais o português, e concedeu a todos a sua Benção Apostólica:
"Amados Irmãos e Irmãs,
Saúdo os peregrinos de língua portuguesa, especialmente com um cordial abraço ao numeroso grupo de visitantes provindos do Brasil. Desejo a todos felicidades, paz e graça no Senhor! Faço votos de que a luz de Cristo ilumine sempre a vossa fé para que tenham uma vida digna, cristã e repleta de alegrias. Recebam a Bênção do Todo Poderoso que, de bom grado, estendo aos vossos familiares e amigos."