No Ângelus deste domingo, o Papa Bento XVI, refletiu sobre o encontro de Jesus com Zaqueu, proposto pela liturgia deste primeiro domingo de novembro e o testemunho de São Carlos Borromeu. Importante lembrar que aqui, no Brasil, neste domingo a Igreja celebra a festividade de todos os santos.
Os milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro ouviram o discurso dominical feito pelo Papa da janela de seus aposentos, da Residência Apostólica Vaticana.
Todos nós sabemos bem este acontecimento narrado por Lucas (19,10). Zaqueu, republicano, contador romano, queria tanto ver Jesus! Mas, por ser baixo de estatura e devido à grande multidão de gente, subiu num sicômoro, numa árvore. Jesus o viu e pediu para que descesse, rapidamente, porque queria ir à sua casa. Ao chamar pelo nome, aquele homem, desprezado pelos outros, ele encontrou Jesus, ou melhor, encontrou a salvação, mediante a sua conversão.
"Mais uma vez – disse o Papa – o Evangelho nos diz que o amor, partindo do coração de Deus e atuando através do coração do homem, é a força que renova o mundo".
Esta verdade, disse o Pontífice, resplandece, de modo singular, no testemunho de São Carlos Borromeu, arcebispo de Milão, que a liturgia celebra hoje. "A sua figura – explicou o Santo Padre – se destaca no século XVI, como modelo de Pastor exemplar, pela sua caridade, doutrina, zelo apostólico e, sobretudo, pela oração. As almas, dizia ele, devem ser conquistadas de joelhos".
Carlos Borromeu foi consagrado bispos com apenas 25 anos de idade, explicou ainda o Papa, dedicando-se, de corpo e alma, à Igreja ambrosiana, ou seja, de Milão, que a visitou, com zelo e de modo total.
Falando ainda sobre as atividades de São Carlos Borromeu, o Pontífice disse ainda: convocou seis sínodos provinciais e onze diocesanos; fundou seminários, para formar a nova geração de candidatos ao sacerdócio; construiu hospitais e destinou as riquezas da sua família aos pobres; defendeu os direitos da Igreja contra os poderosos; renovou a vida religiosa e fundou um Instituto de Padres Seculares, chamados Oblatos.
Quando, em Milão, se abateu a peste, São Carlos Borromeu visitou e confortou os doentes, com os quais partilhou todos os seus bens. Enfim, Bento XVI recordou que o lema deste santo era a "humildade", que o impeliu a renunciar a si mesmo, e a tornar-se servidor de todos, como o fez Jesus.
Após ter falado desta grande figura de pastor, o Santo Padre disse que seu Venerável Predecessor, JPII, tinha grande devoção pelo nome de São Carlos Borromeu, que a liturgia celebra, hoje, sendo, portanto, seu onomástico.
Depois de sua alocução dominical, Bento XVI passou a rezar a oração do Ângelus, com os numerosos fiéis e peregrinos, reunidos na Praça São Pedro, concedendo a todos a sua Bênção Apostólica. Ao término da oração do Ângelus, Bento XVI cumprimentou os vários grupos de peregrinos, em suas respectivas línguas.
Por fim, referindo-se às notícias destes últimos dias, sobre os acontecimentos entre a Turquia e o Iraque, que causam grande preocupação, pessoal e internacional, o Santo Padre fez um urgente apelo:
"Gostaria, portanto, de encorajar todo esforço de solução pacífica para os problemas, que, recentemente, emergiram entre a Turquia e o Curdistão iraquiano. Não posso, acrescentou Bento XVI, esquecer que, naquela região, numerosos povos encontraram refúgio ao fugir da insegurança e do terrorismo, que tornaram difícil, nestes anos, a vida no Iraque. Levando, precisamente, em consideração o bem daquelas populações, entre as quais numerosos cristãos, o Papa fez votos de que todas as partes possam chegar a uma solução de paz".
Continuando seu apelo, o Pontífice fez votos ainda de que as relações entre os povos migrantes e os povos locais estejam à altura daquela alta civilização moral, fruto dos valores espirituais e culturais de cada povo e nação.
Bento XVI concluiu seu apelo, com a exortação: "Os responsáveis pela segurança e pelo acolhimento saibam fazer uso dos meios apropriados, para assegurarem os direitos e os deveres, que estão à base de toda verdadeira convivência e encontro entre os povos".
Por fim, o Pontífice se despediu dos fiéis, peregrinos e turistas, que participaram, da oração mariana do Ângelus, neste primeiro domingo do mês, na Praça São Pedro, desejando uma "boa semana" a todos.