"Ás vezes pensa-se que a santidade é uma condição de privilégio reservada a poucos eleitos. Na realidade, tornar-se santo é a tarefa de cada cristão, poderíamos mesmo dizer de cada homem"! Foi o que salientou Bento XVI nesta quinta feira, Solenidade de todos os Santos, antes da recitação da oração mariana do Ângelus com alguns milhares de pessoas congregadas ao meio-dia na Praça de São Pedro.
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Queridos Irmãos e Irmãs
Na atual solenidade de Todos os Santos, nosso coração, ultrapassando os confins do tempo e do espaço, se dilata às dimensões do céu. Nos inícios do Cristianismo, os membros da Igreja eram chamados também "os santos". Na Primeira Carta aos Coríntios, por exemplo, São Paulo se dirige "àqueles que foram santificados em Cristo Jesus, chamados a serem santos juntos com todos aqueles que em todos os lugares invocam o nome do Senhor nosso Jesus Cristo" (1 Cor 1, 2).
O cristão, de fato, já é santo, porque o Batismo o une a Jesus e ao seu mistério pascal, mas deve ao mesmo tempo se tornar, conformando-se a Ele sempre mais intimamente. Ás vezes pensa-se que a santidade seja uma condição de privilégio reservada a poucos eleitos. Na realidade, tornar-se santo é tarefa de todo cristão, antes, poderíamos dizer, de todo homem! Escreve o Apóstolo que Deus desde sempre nos abençoou e nos escolheu em Cristo "para sermos santos e imaculados diante dele na caridade" (Ef 1, 3-40).
Todos os seres humanos são, portanto, chamados à santidade que, em última análise, consiste em viver como filhos de Deus, naquela "semelhança" com Ele segundo a qual foram criados. Todos os seres humanos são filhos de Deus, e todos devem tornar aquilo que são, através do caminho exigente da liberdade. Deus convida todos a fazerem parte de seu povo santo. O "Caminho" é Cristo, o Filho, o Santo de Deus: ninguém vai ao Pai senão por meio d’Ele. (cfr. JO 14,6).
Sabiamente a Igreja colocou em íntima sucessão a festa de Todos os Santos e a Celebração de todos os fiéis defuntos. Nossa oração de louvor a Deus e de veneração pelos bem-aventurados, que hoje a liturgia nos apresenta como "uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, raças, povos e língua" (Ap 7,9), une-se a oração de sufrágio por todos aqueles que nos precederam na passagem deste mundo para a vida eterna. A eles, amanhã, dedicaremos de modo especial nossa oração e por eles celebraremos o Sacrifício Eucarístico. Em verdade, cada dia a Igreja nos convida a rezar por eles, oferecendo também nossos sofrimentos e os cansaços cotidianos, completamente purificados, esses sejam admitidos a gozar da eterna luz e paz do Senhor.
Ao centro da assembléia dos Santos, resplandece a Virgem Maria, "humilde e alta mais que criatura" (Dante, Paraíso, XXXIII, 2). Colocando nossa mão na sua, nos sintamos animados a caminhar com mais deslanche sobre o caminho da santidade. A Ela confiamos nosso compromisso cotidiano e a Ela pedimos hoje também pelos nossos caros defuntos, na íntima esperança de nos reencontrarmos um dia todos juntos, na comunhão gloriosa dos Santos.