Conflitos e mais conflitos

Núncio na Síria comenta palavras do Papa sobre situação no país

Dom Mario Zenari diz que o Papa usou a “arma” da oração; situação na Síria é imprevisível, já que a cada ano surgem complicações no conflito

Da Redação, com Rádio Vaticano

População civil é a que mais sofre com o com os conflitos, sendo obrigada a fugir / Foto: Reuters

População civil é a que mais sofre com o com os conflitos, sendo obrigada a fugir / Foto: Reuters

Não cessam os combates em Aleppo, onde as forças rebeldes e o Exército de Bashar al-Assad travam um feroz combate pelo controle da cidade. Quem mais sofre as consequências são os civis, sobretudo as crianças, como denunciou o Papa Francisco no Angelus deste domingo, 7, apontando o dedo contra “a falta de vontade de paz dos poderosos”, em uma guerra que já dura mais de 5 anos.

O núncio apostólico na Síria, Dom Mario Zenari, comentou as palavras do Papa Francisco, dizendo que o Papa usou a “arma” em que os cristãos acreditam: a oração. “Foi um momento bonito, quando chamou todos a rezarem em silêncio e depois rezar juntos a Nossa Senhora, pela paz. Acreditamos nesta arma da oração. E depois a solidariedade: a solidariedade efetiva para ir de encontro a este sofrimento e a esta pobreza que cresce a cada dia; a solidariedade que faz com que não se esqueça desta tragédia em que estão sofrendo tantos nossos irmãos e irmãs”.

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O bispo destacou que, infelizmente, esses cinco anos de guerra são um verdadeiro fracasso para os civis que vivem desprotegidos. Além de ataques a hospitais e escolas, até mesmo a Igrejas, há também armas químicas e a situação da fome e da sede.

“E depois, entre estas vítimas civis – como bem recorda o Papa – estão as crianças: e ali, há um ano, as estatísticas falavam de cerca de 14 mil vítimas entre crianças e menores mortos na Síria, aos quais, depois, somam-se os mortos na travessia dos mares, algumas destas crianças mortas de fome, muitas mutiladas (…) Portanto, eu diria que este chamado do Papa é muito, muito oportuno”.

Francisco falou também sobre a falta de vontade de paz dos poderosos. Dom Zenari diz que, nesse ponto, pode-se ver nitidamente como a Síria se tornou um campo de batalha por interesses geopolíticos regionais e internacionais. “Cada vez fica mais evidente que é uma guerra por procuração; é uma guerra muito complicada e aqui se exigiria uma vontade mais forte, mais decidida por parte dos poderosos, para poder acalmar esta terrível guerra”.

Os cristãos

Sobre a situação dos cristãos, o bispo explica que as condições variam de acordo com a localização que ocupam no país, mas em toda parte são expostos ao sofrimento. “Em relação às zonas sob controle do Estado Islâmico, não temos mais comunidade, como em Deir Ezzor, como em Raqqa; ali os cristãos partiram antes ainda da chegada do Estado Islâmico”.

Ainda há três paróquias, propriedades dos franciscanos no nordeste, uma área muito tensa. “Ali vivem cerca de um milhão de cristãos: sobrevivem; têm a possibilidade de frequentar a igreja, de rezar, mas não podem manifestar externamente a sua fé, nem com as cruzes, nem com o badalar de sinos”.

Perspectivas

Quando perguntado sobre as perspectivas para a Síria atualmente, Dom Zenari diz que é difícil prever, uma vez que o conflito assume aspectos particulares a cada ano.

“Estão envolvidas diversas partes e isto é o que o torna muito difícil. No início parecia uma guerra civil, que por si só já é uma catástrofe; mas a ela se juntou, mais tarde, uma guerra por procuração, entrou depois uma outra guerra para complicar tudo e esta é a guerra do Isis, do Daesh, do Estado Islâmico, que trouxe mais sofrimentos, enormes”.

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