A América Latina, região onde vivem cerca de metade dos católicos de todo o mundo, precisa urgentemente de uma "nova evangelização", capaz de dar novo impulso ao cristianismo e de aprofundar os valores da fé.
A convicção é de Bento XVI, que hoje recebeu no Vaticano os Bispos e Cardeais que fazem parte da Assembleia Plenária da Comissão Pontifícia para a América Latina (CPAL). No seu discurso, o Papa apontou os maiores desafios que se colocam à Igreja na América Latina: "A mudança cultural gerada por uma comunicação social que modela a maneira de pensar e os costumes de milhões de pessoas; os fluxos migratórios, com tantas repercussões na vida familiar e na prática religiosa nos novos ambientes; as interrogações que emergem sobre a maneira como os povos devem carregar a própria memoria histórica; a globalização, a secularização, a pobreza crescente e a degradação ambiental sobretudo nas grandes metrópoles, assim como a violência e o narcotráfico".
Segundo Bento XVI, o futuro da Igreja latino-americana depende da maneira como os cristãos "aprofundarem e assumirem no próprio íntimo a vida dos discípulos de Jesus, tornando próprios os valores evangélicos", "O verdadeiro discípulo – acrescentou – cresce e amadurece na família, na comunidade paroquial e diocesana e torna-se missionário quando anuncia Cristo em todos os ambientes, na escola no mundo econômico, politico e atuando na caridade". A CPAL está reunida de 17 a 21 de Janeiro, tendo como pano de fundo a preparação da V Conferência Geral dos Episcopados Latino-americanos, a realizar no próximo mês de Maio, no Brasil, com a presença do Papa.
O tema dos trabalhos é "Família e educação cristã na América Latina", sob a orientação Cardeal Giovanni Battista Re (também Prefeito para a Congregação para os Bispos), presidente da CPAL, e do vice-presidente D. Luiz Robles Diaz. Família e educação católica fazem parte das questões centrais que irão ser abordadas na Conferência de Aparecida, de 13 a 31 de Maio. Todos os relatórios das 22 Conferências Episcopais latino-americanas sublinham estes temas como prioridades essenciais.
Os participantes serão ao todo 270, com 176 Bispos representando Conferências Episcopais da América Latina, mas também Estados Unidos da América, Canadá, Espanha e Portugal (todos com direito de voto sobre os documentos finais), além de representações de dioceses, diáconos, leigos, representantes ecumênicos e especialistas de diversas áreas.
O documento preparatório da Conferência será publicado em Fevereiro, falando da violência, a droga, o papel das mulheres e dos jovens, bem como da situação política, face às mudanças recentes na América Latina. 12 anos depois da Conferência de Santo Domingo, a Igreja nesta região interroga-se sobre os motivos que levam tantos fiéis a abandoná-la.