Pessoas de diferentes religiões se uniram com o Papa na Praça São Pedro em uma catequese inter-religiosa, comemorando os 50 anos da declaração Nostra aetate
Jéssica Marçal
Da Redação
A catequese do Papa Francisco nesta quarta-feira, 28, contou com a participação de pessoas de diferentes religiões, em comemoração aos 50 anos da declaração Nostra aetate, sobre a relação da Igreja com as religiões não cristãs. O documento é fruto do Concílio Vaticano II.
“A mensagem da declaração é sempre atual”, frisou o Papa, destacando alguns pontos comuns entre pessoas de diferentes crenças, como a unicidade da família humana, a crescente inter-dependência dos povos, a comum origem da humanidade e o olhar benevolente e atento da Igreja sobre religião.
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“A Igreja olha com estima para os crentes de todas as religiões, apreciando o seu empenho espiritual e moral. A Igreja aberta ao diálogo com todos é, ao mesmo, tempo, fiel à sua crença”, disse Francisco.
Ao longo desses 50 anos, várias foram as iniciativas de diálogo com as religiões não cristãs; o Santo Padre falou, em especial, do Encontro de Assis, em 1986, evento promovido por João Paulo II, na época Papa e hoje santo da Igreja católica. Um ano antes, o papa polonês já havia convidado todo os crentes em Deus a favorecer a amizade entre Deus e os homens.
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Como um dos exemplos desse caminho de diálogo, Francisco citou a transformação das relações entre cristãos e judeus. “Indiferença e oposição se transformaram em colaboração e benevolência. De inimigos e estranhos, nos tornamos amigos e irmãos. O Concílio, com a declaração, traçou o caminho”.
Necessidade de respeito e oração recíprocos
O respeito recíproco é condição e, ao mesmo tempo, finalidade do diálogo inter-religioso, afirmou o Papa. Segundo ele, o mundo espera das pessoas que creem respostas efetivas sobre vários problemas, como a fome, a crise ambiental, a violência, em especial aquela que começa em nome da religião. “Nós crentes não temos receita para esses problemas, mas temos um grande recurso: a oração. E nós crentes rezamos, devemos rezar. A oração é o nosso tesouro”.
Francisco não deixou de comentar a realidade do terrorismo, que causou uma relação de suspeita e de condenação da religião. Ele lembrou que nenhuma religião está a salvo de ações fundamentalistas ou extremistas, e por isso mesmo é preciso olhar para os valores positivos que ela propõe. “Podemos caminhar juntos, tomando conta uns dos outros e da criação. Todos os crentes, de toda religião”.
O Papa concluiu falando do futuro do diálogo inter-religioso, o que depende, em primeiro lugar, da oração recíproca. “Possa a nossa oração, cada um segundo a própria tradição, aderir plenamente à vontade de Deus, que deseja que todos os homens se reconheçam irmãos e vivam como tal, formando a grande família humana na harmonia da diversidade”.
O último momento da catequese, que normalmente é o canto do “Pai Nosso”, foi um instante de silêncio, em que o Papa convidou cada um a rezar, segundo suas próprias tradições. “Peçamos ao Senhor que nos faça mais irmãos entre nós e mais servidores dos nossos irmãos mais necessitados”.
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