Coordenador do evento, padre Tiago Síbula, comenta tema e importância da comunicação para a Igreja
Julia Beck
Da redação
Começa nesta sexta-feira, 23, o Mutirão de Comunicação (Muticom) 2021. O evento gratuito, que será realizado 100% on-line, reúne comunicadores das mais diversas esferas.
Este ano, o Muticom tem como tema central: “Por uma comunicação integral: o humano nos novos ecossistemas”. Serão abordadas importantes pautas como a comunicação integral, as fake news, a era do on-line, a ecologia, a desigualdade e até mesmo a Fratelli Tutti, encíclica do Papa Francisco sobre a fraternidade e amizade social.
O assessor da Comissão Pastoral para a Comunicação da Conferência Nacional do Bispos do Brasil (CNBB) e coordenador do Muticom, padre Tiago Síbula, comenta a escolha do tema e a relevância dos demais assuntos para a atualidade.
Segundo o sacerdote, os assuntos têm como objetivo contribuir, a partir da comunicação e de seu importante papel na Igreja e na sociedade, sobre a necessidade de uma comunicação integral.
“Iniciamos a partir do questionamento: Qual a realidade que vivemos hoje? Por meio do diálogo com o grupo de reflexão sobre comunicação da CNBB (GRECOM), compreendemos que vivemos a era da comunicação fragmentada, individualista e, por vezes, hedonista”, alerta.
O tema central, explica o presbítero, visa refletir sobre a integralidade da comunicação e suas consequências na vida da sociedade e da Igreja.
Desafios do formato on-line
A opção pelo on-line foi uma consequência da pandemia da Covid-19 e da necessidade de garantir a segurança dos participantes.
O desenvolvimento do evento neste formato, revela padre Tiago, apresentou muito desafios. Contudo, o sacerdote destaca que a comissão organizadora tinha um objetivo: alcançar o maior número possível de pessoas, dentro e fora da Igreja, mas sobretudo os que se dedicam a pensar e executar a comunicação eclesial.
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“Com a pandemia, as tecnologias desenvolveram-se muito rápido. Por isso, conforme nos organizávamos surgiam novas tecnologias e, consequentemente, novas experiências”, reflete.
Diante de tantas possibilidades e do orçamento previsto, o presbítero afirma que a pergunta que ressoava constantemente à comissão organizadora era: como escolher as tecnologias que pudessem chegar a todos, partindo dos últimos?
“Com a graça de Deus e iluminados por seu Espírito, a comissão soube discernir, ponderar e escolher um caminho que, acreditamos, chegará a um grande número de pessoas”.
A Igreja e a comunicação
A crise sanitária interferiu não somente no formato do Muticom 2021, mas também na relação entre a Igreja e a comunicação. A potencialização das tecnologias, antes inacessíveis ou ainda em desenvolvimento, trouxe à tona a necessidade de reflexão sobre o tema.
“A Igreja, inserida na história, sempre buscou adaptar-se às novas tecnologias”, comenta. Desta forma, o coordenador do evento revela que, desta vez, não foi diferente.
“Com o auxílio de técnicos que vivenciam a fé nas comunidades e evangelizam por meio de suas profissões, coube-nos acolher, compreender e seguir na utilização do que há de mais moderno no dia a dia dos que utilizam da comunicação para evangelizar”.
Sobre a importância da Igreja Católica provocar debates no campo da comunicação, o presbítero reforça que instituição religiosa busca, a luz de seu fundador Jesus Cristo, a verdade (Jo 8,32).
O diálogo propõe eliminar os muros e construir pontes capazes de iluminar sua missão, ou seja, evangelizar, ressalta o sacerdote. Ainda de acordo com padre Tiago, é importante comentar o significado do “ser cristão”.
Ser cristão, esclarece o presbítero, significa iluminar; lançar luzes sobre o que está escuro ou, por vezes, não muito nítido, de modo que a inteligência e, por meio dela, nossos atos, reflitam o que professamos.
“Portanto, fé e vida, inseridas na história, com suas luzes e sombras, esperanças e desafios, tornam-se ‘fermento na massa’ (Mt 13,33), capazes de contribuir na instauração do Reino de Deus. A comunicação, neste sentido, é fundamental para promoção dos valores do Evangelho. Ai de mim se eu não evangelizar (1 Cor 9,16)”, conclui.
Origem do Muticom
Desde 1998, a CNBB promove os chamados Mutirões Brasileiros de Comunicação. Eles surgiram em continuidade aos Congressos Brasileiros de Comunicação Social, promovidos pela União Cristã Brasileira de Comunicação – UCBC, iniciados entre 1970 e final da década de 1990.
O que caracteriza os Mutirões é seu objetivo específico, voltado a refletir sobre os caminhos e as perspectivas das relações entre a Igreja Católica, a sociedade brasileira e a cultura contemporânea no campo da Comunicação.
Programação
Confira a programação, disponível para quem se inscreveu no evento. Foram mais de cinco mil inscritos.
23 de julho
16h45 – Abertura da sala e início da transmissão
17h – Espiritualidade
17h30 – Solenidade de abertura
18h – Palestra magna – Por uma comunicação integral: o humano nos novos ecossistemas (Prof. Dr. Massimo di Felice | ECA – USP)
19h – Apresentação cultural
19h15 – Conferência 1 – Comunicação para a paz em tempos de fake news e ultraconservadorismo (Prof. Dra. Magali Cunha)
20h – Reflexões e Diálogos
20h30- Lançamentos
21h – Bênção da noite
24 de julho
8h30 – Abertura da sala
8h45 – Espiritualidade
9h – Conferência 2 – Era do on-life: real e virtual se (com)fundem. Também na Igreja? (Prof. Dr. Moisés Sbardelotto)
9h45 – Apresentação cultural
10h – Conferência 3 – Retomar as rédeas do mundo: o humano-cristão nos novos ecossistemas à luz da Fratelli Tutti (Prof. Dr. Norval Baitello Júnior | PUC-SP)
10h45 – Reflexões e Diálogos
11h15 – Mesa Redonda – Ecologia das mídias e nas mídias católicas (Prof. Dra. Adriana Braga | PUC-Rio e Prof. Dr. Jorge Miklos | UNIP)
12h – Intervalo
13h30 – Conferência 4 – Comunicação para o bem viver em tempo de máxima desigualdade (Prof. Dra. Viviane Mosé)
14h15 – Apresentação cultural
14h30 – Conferência 5 – Utopias do mundo integral (Prof. Dr. Carlos Ferraro | Presidente de Signis ALC – Argentina)
15h15 – Reflexões e Diálogos
16h – Intervalo
16h10 – Conferência 6 – Comunicação integral: influenciadores ou influenciados? (Prof. Dra. Elizabeth Saad | ECA – USP)
17h – Show
18h – Missa transmitida pelas TVs e rádios católicas