Os militares deram um golpe contra o governo de Aung San Suu Kyi, prêmio Nobel da Paz e eleita democraticamente
Da redação, com Reuters
Os militares de Mianmar tomaram o poder nesta segunda-feira, 1º, em um golpe contra o governo democraticamente eleito da ganhadora do Prêmio Nobel Aung San Suu Kyi, que foi detida junto com outros líderes de seu partido Liga Nacional para a Democracia (NLD) em ataques matinais.
O exército disse que executou as detenções em resposta a uma “fraude eleitoral”, entregando o poder ao chefe militar Min Aung Hlaing e impondo o estado de emergência por um ano, segundo um comunicado divulgado por uma estação de televisão militar.
As detenções ocorreram após dias de tensão crescente entre o governo civil e os militares, ao final das eleições. O partido de Suu Kyi obteve 83% dos votos apenas na segunda eleição, desde que uma junta militar concordou em dividir o poder em 2011.
Uma página verificada no Facebook do partido de Suu Kyi publicou comentários em que disseram ter sido avisados de um golpe e pediam às pessoas para protestar contra a tomada militar.
Democracia ameaçada pelos militares
O golpe acaba com anos de esforços apoiados pelo Ocidente para estabelecer uma democracia em Mianmar, também conhecida como Birmânia, onde a vizinha China também tem uma forte influência.
Os generais agiram horas antes de o parlamento ter se reunido pela primeira vez desde a vitória esmagadora do NLD nas eleições gerais de 8 de novembro, vista como um referendo sobre o regime democrático incipiente de Suu Kyi.
Sem contato
As conexões de telefone e internet na capital, Naypyitaw, e no principal centro comercial de Yangon foram interrompidas, e a televisão estatal saiu do ar depois que os líderes do NLD foram detidos.
Suu Kyi, o presidente Win Myint e outros líderes do NLD foram capturados nas primeiras horas da manhã, segundo o porta-voz do NLD, Myo Nyunt, disse à Reuters por telefone. Posteriormente, a Reuters não conseguiu mais contatá-lo.
Um vídeo postado no Facebook por um parlamentar parecia mostrar a prisão de outro, o legislador regional Pa Pa Han.