Mensagem de Natal do Superior Geral dos Dehonianos

Caros confrades, membros da Congregação, Caros irmãos e irmãs da Família Dehoniana,

No eco do Sínodo sobre a Palavra, vivemos o espírito do Advento e do Natal, lançando o nosso olhar para o “Rosto da Palavra”, Jesus Cristo, por meio do qual Deus continua a falar-nos. Acolhendo-O como enviado do Pai e escutando-O, aprendemos a ser pessoas de coração aberto e solidário, e a fazer tudo o que Ele nos disser (cf. Jo 2,5).

Ao terminar este ano de 2008, reconhecemos, na fé, que o Senhor caminhou connosco e fez-nos trabalhar pelo seu Reino. Agradecemos todo o bem que pudemos fazer por meio da Congregação, da Família Dehoniana e da Igreja. Sentimo-nos gratos porque a Igreja, como mãe e mestra, chamou-nos à atenção para a primeira fonte da nossa vida espiritual, a Palavra, e apresenta-nos o Apóstolo Paulo como mestre de vida cristã e missionária.

Como Congregação, agradecemos a Deus os jovens que encaminhou para as nossas comunidades, os que fizeram a sua primeira Profissão (82)* ou renovaram os votos, os que se consagraram definitivamente ao seguimento de Cristo (40)* e os que receberam o sacramento da Ordem (35)* para servir Deus e o povo, com o dom total das suas vidas.

Do mesmo modo, exprimimos a nossa gratidão ao Senhor pelos muitos religiosos que, fielmente, perseveraram na sua missão e deram testemunho do amor do Coração de Deus. Gratidão também por nos ter dado os confrades que, infelizmente, durante este ano foram chamados à Casa do Pai (52)*: recebam do Senhor a recompensa prometida aos servos fiéis. Ao mesmo tempo, porém, reconhecemos que durante este ano vários seminaristas, jovens religiosos de votos temporários e também alguns de votos perpétuos e sacerdotes, deixaram o nosso convívio e escolheram outro caminho. Respeitando a sua liberdade, desejamo-lhes felicidade e continuamos a acompanhá-los com a nossa oração.

Por outro lado, em muitas das nossas entidades SCJ continuámos a esforçar-nos por realizar mais plenamente a nossa missão e a formação permanente dos nossos confrades. Encontros formativos, retiros espirituais e celebrações comemorativas marcaram a vida de pessoas e comunidades. Também a nível de Congregação realizámos vários projectos e encontros internacionais: o congresso “Theologia Cordis”, no contexto de uma dinâmica de actualização da nossa linguagem espiritual e teológica, que exige o esforço de todos em vista da eficácia da nossa missão; o Encontro dos Educadores, para reavivar o nosso empenho na formação de adolescentes e jovens, âmbito em que trabalha um grande número de confrades; o Encontro dos Párocos, para nos ajudar a ser pastores de coração compassivo.

Antes de mais, porém, este foi um ano muito importante para a revisão da vida das nossas entidades, à luz do tema do próximo Capítulo Geral. Certamente os Capítulos realizados nas diversas partes da Congregação são acontecimentos relevantes para a verificação e a indicação da nossa fidelidade e da nossa audácia evangelizadora; são um contributo decisivo para a preparação do Capítulo Geral. Vivemos a nossa vocação e missão como membros de uma sociedade santa e pecadora, egoísta e solidária, que se mostra muitas vezes coerente e outras vezes extremamente contraditória. Infelizmente, temos que deplorar o intensificar-se de guerras como as do Iraque e do Afeganistão, o aumento de ataques terroristas, o reacender-se do conflito no Congo, o exacerbar-se dos fundamentalismos religiosos que na Índia e em tantas outras partes têm feito vítimas e prejudicado a livre manifestação da fé. Preocupam também as consequências do mau uso da natureza, o aquecimento global, fenómenos climatéricos e catástrofes naturais, como as recentes inundações no Sul do Brasil. Estas atingiram grande parte das comunidades assistidas pelos Dehonianos da Província BM e vários seus familiares, aos quais manifestamos a nossa solidariedade.

Não podemos esquecer que estamos a viver um período de grave crise financeira, que provoca sérios danos a todos e atinge sobretudo os mais pobres. Devemos ter consciência de que esta crise atinge também a situação económica da Congregação e das suas entidades. Perante semelhante crise, impõe-se uma reflexão serena, para procurar compreender as suas verdadeiras causas e, sobretudo, descobrir mais profundamente o sentido da pobreza evangélica, do efémero acumular de riquezas e da sobriedade de vida que se coaduna a nós, cristãos e religiosos.

No desconcerto da crise financeira mundial, das diversas formas de violência e da fome que humilha um grande número de pessoas, somos chamados a ser agentes de esperança e de solidariedade em nome do Verbo da Vida, que se tornou um de nós no seio da Virgem.

Neste Natal e no novo Ano que está para iniciar, Cristo quer novamente falar ao nosso coração para aquecê-lo como o dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24,32), para levá-lo ao amor como o de Paulo (cf. 2 Cor 5,14), para enviá-lo a servir os irmãos como os discípulos depois de lhes ter lavado os pés (cf. Jo 13), e para assumir o seu mandato de fazer em todas as nações seus discípulos (cf. Mt 28,19). Acolhendo a sua Palavra, renovamos o seu Natal em nós. Testemunhando o amor e anunciando a Boa Nova, damos um sentido ao Natal dos irmãos e irmãs que encontramos no nosso caminho e reacendemos a confiança de que é possível um mundo de paz e de fraternidade, onde se respeite a dignidade fundamental de todo o ser humano.

Na alegria de saber que somos chamados para sermos ouvintes da Palavra e para pô-la em prática, deixando-nos levar pelo amor de Cristo, desejamos a todos vós um feliz Natal e um abençoado Ano Novo.

P. José Ornelas Carvalho, scj; Superior Geral e seu Conselho

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