800 anos dos franciscanos

Mensagem de abertura do Encontro dos Bispos franciscanos em Assis

O Senhor lhes dê a Paz!

Ao declarar aberto este Encontro de Cardeais e Bispos da Ordem dos Frades Menores e do Definitório, dou a todos a mais cordial e calorosa acolhida. Trata-se, com efeito, de um acontecimento histórico; penso que seja o primeiro no marco dos oitocentos anos de nossa Ordem. Por tanto, é um dever e é justo, queridos irmãos Cardeais e Bispos, expresar-lhes minha mais profunda e comovida gratidão, também em nome do Definitório e de toda a Ordem dos Frades Menores, por haver acolhido em número tão importante o convite que os dirigi com a Carta de 6 de Janeiro de 2007.

Vossa numerosa presença, apesar de vossas agendas pastorais lotadas, manifesta vossa forte união com nossa Ordem: considero-os parte de nossa Familia. Mas estar aqui, creio, se deve também à atração que proporciona o lugar escolhido para estar juntos durante alguns dias: Assis, em verdade, é para nós "altar predileto de nossa memoria, de nossas origens" (Doc. Capítulo Extraordinário, 2006, 7); aqui deu começo à aventura humana e evangélica de Francisco e Clara; aqui, consequentemente, encontram-se as raízes da nossa vocação franciscana. Vir, permanecer em Assis, é obedecer a um desejo comum: "voltar a ver" o lugar onde nasceu e, voltando ao lugar de nossas origens, de novo descobrirmos que somos irmãos. Todos chegamos com o mesmo projeto de vida: viver segundo a forma do Santo Evangelho, revelado pelo Altíssimo ao irmão Francisco e abraçado por nós no dia de nossa profissão religiosa.

Por isso, este "encontro de Família", próprio dos laços fraternos que caracterizam nossas relações, quer convocá-los, irmãos Cardeais e Bispos, à vida da Ordem, que nestes momentos vive um período particular, poderíamos afirmar histórico: nossa Fraternidade está se preparando para a Celebração do Oitavo Centenário de aprovação da forma de vida por parte de Inocêncio 3º em 1209. E se desenvolve conforme um programa trienal, conhecido como "A Graça das Origens", articulado em três etapas: discernir a vontade do Senhor (2006) que teve como momento culminante o Capítulo Geral Extraordinário; a ousadia de viver o Evangelho (2007); celebrar o dom de nossa vocação (2008-2009). Trata-se pois, de um momento favorável, nesta fase da vida da Ordem, para redescobrir nossas origens; pensar de novo com gratuidade as maravilhas que o Senhor tem feito, desde os começos aos nossos dias, por meio de nossos inumeráveis irmãos e irmãs; para apresentar um rosto jovem em nossa vida de franciscanos.

Desejamos convidá-los, irmãos Cardeais e Bispos da Ordem, certamente porque formais parte de nossa Família, e por isso, é lógico que queirais conhecer o que está se fazendo em nossa vida e nossa missão, mas sobretudo porque, com motivo de vosso fundamental serviço ao "Evangelho de Jesus Cristo para a esperança do mundo", como colaboradores direto do Papa ou como Pastores da Igreja de Deus presente em qualquer ângulo da terra, sois para nós memória viva da dimensão eclesial de nossa vocação e de nossa missão. E tudo isto acontece de um modo concreto e eloquente. Iniciamos neste domingo, 17 de junho, com a visita do Papa Bento 16 a Assis, com a qual recordamos o 8º centenário da Conversão de São Francisco. Juntos, continuaremos a fazer memória deste acontecimento, apresentando nos diante do Crucifixo de São Damião par voltar a escutar em nosso coração o convite: "vai e constrói a minha casa". Juntos, também, entraremos na Porciúncula, sede de nossa Ordem, para voltar a escutar o Evangelho da missão, oferecendo nossa adesão sem reserva alguma: "isto quero, isto peço, isto desejo fazer". Este itinerário espiritual, fortemente evocativo, "caminho"que desejamos fazer junto a todos os irmãos do mundo no ano em que nos colocaremos diante de nossos olhos o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, concluirá em São João de Latrão, em Roma, onde o Senhor Papa confirmou o projeto de vida de Francisco e de seus companheiros, e que se havia sido revelado pelo Senhor, e por escrito "com poucas palavras e com sensibilidade".

Sim, este "encontro de Família" é uma forte chamada para escrever novas páginas em nossa história secular "sempre súditos e sujeitos aos pés da santa Igreja". Queremos reafirmar diante de vós, e seguros por vossa ministério, nossa fidelidade às origens de nossa vocação. Isto nos permitirá mostrar de novo o fascinante rosto do Pobrezinho de Assis, nosso Pai e Irmão, oferecendo à Igreja e a nosso mundo de hoje um serviço qualificado através de nosso modo particular de viver e de anunciar o Evangelho, segundo nos ensinou São Francisco, e de sentirmos "próximos" ao homem contemporâneo.

O Senhor nos conceda agradáveis e frutuosas jornadas; a Virgem "feita Igreja" nos acompanhe com sua presença materna; São Francisco nos ajude a fazer do Evangelho nossa "regra e vida". Paz e Bem.

FR. JOSÉ RODRÍGUEZ CARBALLO, OFM
Ministro Geral

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