À Embaixadora da Espanha

Igreja oferece esperança que fortalece: o próprio Cristo, diz Papa

A Igreja busca sempre oferecer algo que lhe é conatural e que beneficia a todas as pessoas e nações: oferece a Cristo, "esperança que alenta e fortalece, como antídoto à decepção de outras propostas fugazes e a um coração carente de valores, que termina endurecendo-se até o ponto de não saber perceber mais o genuíno sentido da vida e o porquê das coisas. Esta esperança dá vida à confiança e à colaboração, transformando assim o presente sombrio em força de ânimo para afrontar o futuro, tanto da pessoa quanto da família e da sociedade".

É o que disse o Santo Padre ao receber as Cartas Credenciais da nova Embaixadora da Espanha junto à Santa Sé, María Jesús Figa López-Palop, na manhã deste sábado, 16. Mesmo sendo seu 84º aniversário, o Pontífice mantém a agenda normal de trabalhos concernentes à sua missão.

O Papa mencionou sua recente visita a Santiago de Compostela e Barcelona, na qual pôde sentir a proximidade e afeto pelo Sucessor de Pedro por parte dos espanhóis e das Autoridades. Aqueles dois lugares das terras espanholas, na opinião de Bento XVI, são sinais admiráveis que convidam a olhar para o alto, mesmo em meio a um ambiente plural e complexo.

Ele recordou também que percebeu diversas mostras da vivacidade da fé católica na Espanha, terra que viu nascer muitos santos e está repleta de catedrais e centros de assistência e cultura que se inspiraram na fidelidade dos habitantes às suas crenças religiosas.

"Isso comporta também a responsabilidade das Relações diplomáticas entre Espanha e Santa Sé, para que procurem fomentar sempre, com mútuo respeito e colaboração, dentro da legítima autonomia em seus respectivos campos, tudo aquilo que suscite o bem das pessoas e o desenvolvimento autêntico de seus direitos e liberdades, que incluem a expressão de sua fé e de sua consciência, tanto na esfera pública quanto na privada", ressaltou.

Igreja e Estado

O Sucessor de Pedro sublinhou que a Igreja, no exercício da missão que lhe é própria, busca o bem integral de cada povo e de seus cidadãos, atuando no âmbito de sua competência e respeitando plenamente a autonomia das autoridades civis.

"Este marco no qual confluem a missão da Igreja e a função do Estado, além disso, também foi plasmado nos acordos bilaterais entre Espanha e Santa Sé sobre os principais aspectos de interesse comum, que proporcionam esse suporte jurídico e essa estabilidade necessária para que as respectivas atuações e iniciativas beneficiem a todos", ponderou.

O cenário de grande dificuldade econômica, que afeta também a Espanha, foi mencionado pelo Papa. Ele citou o aumento do desemprego e a frustração especialmente dos jovens e famílias menos favorecidas como elementos graves consequentes da crise. Da mesma forma, disse esperar que os detentores de responsabilidades públicas busquem o caminho de uma recuperação proveitosa para toda a sociedade, destacando também a relevante atuação das instituições católicas nesse contexto.

"Com isso, a Igreja mostra uma característica essencial de seu ser, talvez a mais visível e apreciada por muitos, crentes ou não. Mas ela pretende ir além da mera ajuda externa e material, e chegar ao coração da caridade cristã, para a qual o próximo é, antes de tudo, um filho de Deus, sempre necessitado de fraternidade, respeito e acolhida em qualquer situação em que se encontre", salientou.

Hostilidade à Fé

Bento XVI indicou que há muitas formas disseminadas de hostilidade contra a fé, ao invés de se concentrarem esforços para viver e organizar a sociedade de tal maneira que se favoreça a abertura à transcendência.

"Ainda que em certos ambientes se busque considerar a religião como um fator socialmente insignificante, e inclusive incômodo, não se justifica a busca por marginalizá-la, às vezes mediante o denegrir,  a mentira, a discriminação e inclusive indiferença ante episódios de clara profanação, pois assim se viola o direito fundamental à liberdade religiosa, inerente à dignidade da pessoa humana".

Na sua preocupação com o ser humano em todas as suas dimensões, a Igreja defende os direitos fundamentais no diálogo franco com os que contribuem para que tais direitos sejam efetivos e sem reduções. "Vela pelo direito à vida humana desde seu começo até seu término natural, porque a vida é sagrada e ninguém pode dispô-la arbitrariamente. Vela pela proteção e ajuda à família, e advoga a fim de que medidas econômicas, sociais e jurídicas para que o homem e a mulher contraiam matrimônio e formem uma família tenham o apoio necessário para cumprir sua vocação de ser santuário do amor e da vida. Advoga também por uma educação que integra os valores morais e religiosos segundo as convicções dos pais, como é seu direito, e como convém ao desenvolvimento integral dos jovens. E, por esse mesmo motivo, que inclua também o ensino da religião católica em todos os centros para os que a escolham, como está preceituado no próprio ordenamento jurídico".

Ao final, o Papa fez menção à sua próxima viagem à Espanha, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude.

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