Os bispos afirmam que, nestes dias de confinamento, para aqueles que sofrem violência doméstica, “o lar está longe de ser um lugar de segurança, auto-realização e saúde”
Da Redação, Vatican News e Conferência Episcopal da Inglaterra e Gales
O presidente da Comissão contra Abuso Doméstico da Conferência Episcopal da Inglaterra e do País de Gales, Dom John Sherrington, publicou uma mensagem sobre o crescimento do “abuso doméstico” durante a quarentena da pandemia de Covid-19. O bispo citou os dados da organização “Refuge”, que destaca uma aumento de 25% em ligações e pedidos de ajuda feitos à Linha Direta Nacional contra Abuso Doméstico desde o início da medida de saúde.
“Neste momento de emergência nacional, somos convidados a ficar em casa para salvar vidas, mas para aqueles que sofrem abuso doméstico, a casa está longe de ser um local de segurança, auto-realização e saúde”, declara o presidente.
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Dom Sherrington explica na nota que, muitas vezes, o lar é um local de dor, medo, degradação e isolamento e, portanto, o chamado para ficar em casa para quem vive esse drama é “perigoso e com risco de vida”. “O abuso infligido – sublinha o bispo – inclui muitas formas de intimidação violenta e não física, como abuso verbal persistente, chantagem emocional e privação social ou financeira forçada. Existe o risco de tais abusos, que geralmente ocorrem a portas fechadas, crescerem e piorarem durante esse período, quando somos solicitados a nos distanciar socialmente dos outros. ”
A declaração lembra o apelo do “Dia pela vida” do ano passado, no qual o episcopado destacou o flagelo do abuso doméstico e instou os católicos da Inglaterra e do País de Gales a apoiarem grupos e projetos existentes, trabalhando para ajudar os mais vulneráveis e para ajudar a espalhar a conscientização e informações sobre abuso em casa. “Reitero esse apelo agora e exorto que continuemos a nos unir como nação para apoiar os mais vulneráveis durante esta pandemia, incluindo aqueles que sofrem abuso doméstico”, afirmou Dom Sherrington.
Num documento oficial do episcopado, publicado em maio de 2019, os bispos britânicos denunciaram que, segundo as estatísticas, uma em cada quatro mulheres, e aproximadamente um em cada seis homens, sofrem abuso doméstico; e duas mulheres são assassinadas, todas as semanas, na Inglaterra, pelo companheiro ou ex-companheiro. “Homens, mulheres e crianças sofrem violência doméstica nas mãos de maridos, esposas, pais e outros membros da família – eles denunciam – e isso é um crime contra a dignidade da pessoa humana que nunca deve ser tolerada ou justificada”, alerta o documento.
Por fim, após oferecer uma lista dos centros de ajuda da Igreja e entidades civis, o presidente da Comissão Contra o Abuso Doméstico enfatiza que todos têm o direito de viver suas vidas livres de violência, abuso, intimidação e medo. “Junte-se a mim para orar pelas mulheres, homens e crianças que sofrem devido ao abuso doméstico durante esta pandemia, pedindo ao Senhor que lhes dê esperança e coragem, sabendo que existem locais de segurança para eles durante esta pandemia”, conclui.