Missão de paz

Haiti: apesar de saída da ONU, religiosa diz que é preciso manter a esperança

ONU anunciou a retirada das tropas do Haiti. Apesar disso, missionária diz que é preciso manter a esperança, embora haja medo do retorno da violência

Da redação, com agências

As missionárias brasileiras que atuam no Haiti expressaram esperança e receio com o fim da Minustah, a Missão de Estabilização das Nações Unidas no país. A missão, comandada pelo Brasil, será encerrada no dia 15 de outubro.

“Estamos querendo manter a esperança de que o país  consiga caminhar  com as próprias pernas. Mas, ao mesmo tempo, com medo de que cresça a violência”, declarou a Irmã Goreth Ribeiro.

Irmã Goreth integra o projeto intercongregacional promovido pela Cáritas, CNBB e a RCB Nacional, presente no Haiti desde o terremoto de 2010. Para ela, a polícia local deve receber ainda mais treinamento. “Mas só iremos constatar  depois. Estamos tentando manter a esperança de que virão dias melhores e que Deus esteja junto desse povo  tão  sofrido”, acrescentou Irmã Goreth à Rádio Vaticano.

Retirada das tropas

Segundo a Resolução 2.350/2017, aprovada pelo Conselho Segurança das Nações Unidas em abril deste ano, todo o efetivo militar empenhado na missão deve deixar o país gradualmente, até 15 de outubro, quando a operação será oficialmente encerrada. A partir desta data, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituirá sua Missão de Apoio à Justiça (Minujusth) naquele que é considerado o país mais pobre das Américas e um dos mais carentes do mundo.

De acordo com a representante especial do secretário-geral da ONU no Haiti, Sandra Honoré, o país permanece no caminho de estabilização e consolidação democrática. Esta afirmação foi no Conselho de Segurança, na última terça-feira. Com o fim da Minustah, terá início a transição para uma missão menor de manutenção da paz, que será conhecida como Minujusth.

Segundo Honoré, para que o país aproveite ao máximo as oportunidades que surgiram após o processo eleitoral, serão necessárias medidas adicionais para consolidar a segurança e a estabilização dos últimos anos.

Ações também seriam necessárias para criar uma melhor coesão social e política e reforçar assim as instituições de Estado para que estas possam atender às necessidades do povo haitiano.

Neste momento de transição até o fechamento da missão, Honoré defendeu que serão fundamentais a parceria da comunidade internacional com o Haiti e o contínuo e coordenado apoio à agenda de reforma do país.

Saída do Brasil

A pouco mais de três meses para o fim da Missão de Estabilização da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, os últimos 978 militares brasileiros a participar da chamada Operação Minustah (abreviatura do nome da missão, em francês) se preparam para retornar ao Brasil.

A desmobilização do efetivo teve início em 26 de junho. As ações, no entanto, continuam. O Batalhão de Infantaria brasileiro, por exemplo, vem ajudando no mapeamento dos locais mais suscetíveis a desastres naturais. O conhecimento prévio destes locais é extremamente importante caso o país caribenho volte a ser atingido, por exemplo, por um furacão, fenômeno comum entre os meses de junho e novembro. Segundo dados da ONU, o Haiti é o país com o maior número de vítimas fatais por catástrofes naturais.

Em 15 de junho, a Minustah transferiu para a Polícia Nacional haitiana o policiamento de Cité Soleil, comuna do coração da capital haitiana, Porto Príncipe, que, até 2006, era dominada  por gangues que ameaçavam os moradores, trabalhadores e qualquer pessoa que visitasse o local. A tropa brasileira continua ocupando a base militar instalada no local e realizando patrulhas esporádicas, mas após ter sido considerada uma das áreas mais violentas do mundo, hoje, Cité Soleil é tida como local relativamente seguro.

De acordo com o Ministério da Defesa, a previsão é encerrar as operações de manutenção da lei e da ordem até o dia 1º de setembro e trazer de volta à casa 90% dos militares brasileiros até 15 de setembro. Os soldados e oficiais que permanecerem no país após esta data serão encarregados de cuidar exclusivamente das últimas medidas administrativas necessárias à repatriação, até 15 de outubro, de todo o material e equipamento brasileiro.

Desde 2004, quando foi escolhido para liderar a missão de estabilização formada por tropas de 16 países, o Brasil enviou ao país cerca de 37 mil militares, segundo o Ministério da Defesa.

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