“O grande medo é que podemos estar tentando ‘brincar de Deus’ com consequências imprevisíveis”, diz o antigo secretário-geral da ONU
Da redação, com ONU Brasil
“Terapia genética poderia ser o divisor de águas na história da medicina e a alteração no genoma é sem dúvida um dos maiores empreendimentos da ciência em nome da humanidade”, afirmou a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) sobre um relatório publicado pelo Comitê Internacional de Bioética (IBC) nesta segunda-feira, 5.
O IBC acrescentou, no entanto, que intervenções no genoma humano deveriam ser autorizadas somente em casos preventivos, diagnósticos ou terapêuticos que não gerem alterações para os descendentes. O relatório destaca também a importância da regulamentação e informação clara aos consumidores.
O documento ressaltou os avanços na possibilidade de testes genéticos em casos de doenças hereditárias, por meio da terapia genética, o uso de células tronco embrionárias na pesquisa médica e uso de clones e alterações genéticas para fins medicinais. São citadas também novas técnicas que podem inserir, tirar e corrigir o DNA, podendo tratar ou curar o câncer e outras doenças. Porém, estas mesmas técnicas também possibilitam mudanças no DNA, como determinar a cor dos olhos de um bebê, por exemplo.
“O grande medo é que podemos estar tentando ‘brincar de Deus’ com consequências imprevisíveis” e no final precipitando a nossa própria destruição”, alertou o antigo secretário-geral da ONU, Kofi Annan em 2004, quando perguntado qual seria a linha ética que determinaria o limite das alterações no genoma humano. Para responder a essa questão, os Estados-membros da UNESCO adotaram em 2005 a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos que lida com os dilemas éticos levantados pelas rápidas mudanças na medicina, na ciência e tecnologia.