Relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) foi apresentado hoje
Da redação, com Agências
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) divulgou, nesta segunda-feira, 13, o relatório Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo de 2020, que mostra que mais de 690 milhões de pessoas vivenciaram a falta de comida e a desnutrição de maneira crônica em 2019.
O estudo, apresentado em Roma, diz ainda que o mundo corre o risco de não atingir mais o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável sobre Fome Zero. O cenário é ainda mais preocupante para este ano, já que o avanço do novo coronavírus (Sars-CoV-2) no mundo pode fazer com que 132 milhões de pessoas passem fome em 2020.
O documento foi montado em conjunto pela FAO e mais quatro agências: o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, Ifad, o Fundo da ONU para a Infância, Unicef, o Programa Mundial de Alimentos, PMA, e a Organização Mundial da Saúde, OMS.
Regiões
A pesquisa mostra que: o maior número de pessoas com fome vive na Ásia, mas a situação também aumenta rapidamente na África, e começa ser agravada pela pandemia de Covid-19. Estima-se que a doença possa lançar de 83 milhões a 132 milhões de pessoas numa situação de fome crônica até o fim deste ano.
Em mensagem de vídeo, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a conclusão do relatório era clara. Segundo ele, “se a tendência anual não for revertida, o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 2, Fome Zero, não será alcançado até 2030.”
Para o chefe da ONU, “a transformação tem de começar agora” e, por isso, ele está convocando um Encontro de Cúpula sobre Sistemas Alimentares para 2021.
Segundo o relatório, uma mudança global para dietas saudáveis ajudaria a combater o problema da fome e custaria menos dinheiro.
Em 2030, os custos de saúde associados a dietas não saudáveis devem chegar a US$ 1,3 trilhão por ano. Já o valor social relacionado às emissões de gases de efeito estufa, estimado em US$ 1,7 trilhão, pode ser reduzido em quase 75%.
O estudo alerta para o aumento da obesidade, que constitui um grave problema de saúde, pois aumenta o risco de doenças não transmissíveis, tanto em crianças quanto em adultos. Estima-se que 7,5% das crianças menores de 5 anos na região estão acima do peso, consideravelmente acima da média mundial de 5,6%.
América Latina
Embora a África seja a região onde os níveis mais altos de insegurança alimentar total são observados, é na América Latina e no Caribe que a insegurança alimentar está aumentando mais rapidamente: cresceu de 22,9% em 2014 para 31,7% em 2019, devido a a um aumento acentuado na América do Sul. Estima-se que 9% da população regional sofre de grave insegurança alimentar, o que significa que as pessoas ficam sem comida e, na pior das hipóteses, passam um dia ou vários dias sem comer.
Da mesma forma, quase um terço dos habitantes da região –205 milhões de pessoas– vive em condições de insegurança alimentar moderada, o que ocorre quando as pessoas enfrentam incerteza em sua capacidade de obter alimentos e são forçadas a reduzir a quantidade ou a qualidade dos alimentos que consomem.
A fome na América Latina e no Caribe afetou 47,7 milhões de pessoas em 2019. Este é o quinto ano consecutivo de aumento da fome, segundo o relatório.
Em termos percentuais, a fome atualmente afeta 7,4% da população mundial e deve aumentar para 9,5% até 2030. Na América do Sul, a projeção é que a fome aumente para 7,7%, o que equivale a quase 36 milhões de pessoas.