Viagem aos Estados Unidos e Cuba

Ex-diplomata da Santa Sé analisa visita histórica do Papa

Papa Francisco marca a história e deixa um “rastro” de misericórdia em Cuba e Estados Unidos

Renata Vasconcelos
Da Redação

Uma visita que já entrou para a história antes mesmo de acontecer. Pela primeira vez um Papa discursou no Congresso americano, e como se não bastasse, ainda foi aplaudido de pé várias vezes.

Com a ida de Francisco a Cuba e Estados Unidos, se conclui um processo iniciado por João Paulo II e continuado por Bento XVI. Com sinais claros de reaproximação entre os dois países, pode-se dizer que o Pontífice alcançou o objetivo de sua própria missão: criar pontes e promover a cultura do encontro, como ele mesmo diz.

 ex-diplomata da Santa Sé e também juiz eclesiástico do Rio de Janeiro, monsenhor André Sampaio / Foto: Kelen Galvan

ex-diplomata da Santa Sé e também juiz eclesiástico do Rio de Janeiro, monsenhor André Sampaio / Foto: Kelen Galvan

E mesmo diante de uma agenda pastoral, que tinha como objetivo principal o Encontro Mundial das famílias, na Filadélfia, Papa Francisco ampliou sua viagem, e realizou a maior e mais esperada visita desde o início do seu pontificado. Em Cuba, o Papa, se encontrou com Fidel Castro e pediu aos jovens para não se apegarem a “ideologias” mas servirem as pessoas.

Acesse
.: Cobertura completa da visita do Papa Francisco a Cuba e EUA

“Esta é a preocupação do Sumo Pontífice: o povo cubano. Um povo sofrido, basta 53 anos de relações cortadas com os Estados Unidos, 53 anos de embargo, 53 anos em que este povo foi acuado a sua própria estrutura geográfica”, afirma o ex-diplomata da Santa Sé e também juiz eclesiástico do Rio de Janeiro, monsenhor André Sampaio.

Visita aos Estados Unidos reforça a cultura do encontro

Para o monsenhor, em sua visita aos Estados Unidos, o Papa Francisco promove o diálogo sem deixar de apresentar suas preocupações: “Precisamos entender este Papa que vem trazer esta teologia do encontro. Na teologia do encontro, ele conhece o outro, fala com o outro, quer escutar o outro, mas, ao mesmo tempo, traz suas preocupações, uma delas está descrita em sua última Encíclica Laudato Si: a preocupação da sustentabilidade”, afirma.

Ainda de acordo com o ex-diplomata da Santa Sé, outra questão levantada pelo Santo Padre, é a realidade da missão: “diante das dimensões ver, julgar e agir, ele insere outra: ele fala “ir”. Esta Igreja a caminho, que vai ao encontro.”

Sampaio também destaca que desta forma entendemos o contexto da canonização de Frei Junípero, que foi um verdadeiro peregrino e é um exemplo desta “Igreja em saída”.

O discurso histórico do Papa Francisco no Congresso americano, abordou desde o problema dos imigrantes, o comércio de armas até a pena de morte e aborto. “De forma brilhante, ele conduz o discurso no congresso norte-americano, lembra a cultura americana, utiliza a figura de Moisés, como líder político-religioso. Eu diria que foi uma sensibilidade a comunidade judaica americana tão importante, depois ele cita o Cristo”, afirmou Sampaio.

Visita deixa “rastro de misericórdia”

Papa Francisco conquista pelo exemplo e promoção do diálogo. Reforçando a cultura do encontro, considera em seus discursos que os problemas dos norte-americanos “são os nossos problemas”.

Ele é um pastor que sabe ouvir e falar de forma respeitosa: “Eu diria que a chave de leitura desta viagem é a misericórdia, o coração misericordioso, este coração que se dilata, que abraça, que escuta. Ele deixou um grande rastro de misericórdia nesta visita a Cuba e Estados Unidos.”

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo