Estamos de braços abertos para os refugiados, diz a presidente Dilma Rousseff, em discurso na ONU
Da redação, com ONU Brasil
A presidenta Dilma Rousseff deu início, nesta segunda-feira, 28, ao debate geral anual da Assembleia Geral da ONU, que conta com a participação de chefes de Estado e de Governo dos 193 Estados-membros das Nações Unidas. Como é tradição desde a primeira Assembleia Geral, que aconteceu em 1947, o Brasil abre o debate geral. Em pronunciamento, Dilma afirmou compromisso em acolher refugiados e reafirmou o engajamento do Brasil no cumprimento da Agenda 2030.
Para a presidente, a comunidade internacional enfrenta enormes desafios de segurança coletiva. “Não se pode ter complacência com tais atos de barbárie, como aqueles perpetrados pelo chamado Estado Islâmico e outros grupos associados”, afirmou. A ação dessas organizações estaria na origem da atual crise de refugiados, para a qual todos os países, segundo a presidente, devem buscar soluções.
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“A profunda indignação provocada pela foto de um menino sírio morto nas praias da Turquia e pela notícia sobre as 71 pessoas asfixiadas em um caminhão na Áustria deve se transformar em ações inequívocas de solidariedade prática. Em um mundo onde circulam livremente mercadorias, capitais, informações e ideias, é absurdo impedir o livre trânsito de pessoas”, disse a presidente.
Dilma destacou a tradição do Brasil em receber emigrantes de outros países. “O Brasil é um país de acolhimento, um país formado por refugiados. Recebemos sírios, haitianos, homens e mulheres de todo o mundo’’ – afirmou – “Somos um país multiétnico, que convive com as diferenças e sabe a importância delas para nos tornarmos mais fortes, mais ricos, mais diversos, tanto cultural, quanto social e economicamente”.
A presidenta ainda condenou a morosidade das reformas nos órgãos das Nações Unidas, o que dificulta a articulação dos atores globais em momentos de crise. “É fundamental uma reforma abrangente de suas estruturas. Seu Conselho de Segurança necessita ampliar seus membros permanentes e não permanentes, para tornar-se mais representativo, mais legítimo e eficaz“, criticou.
A chefe do Estado brasileiro comentou situações específicas de países no Oriente Médio. “Não se pode postergar, por exemplo, a criação de um Estado Palestino que conviva pacífica e harmonicamente com Israel”, ressaltou. Apesar das tensões em outros países da região, como a Síria, Rousseff chamou atenção para as possibilidades de negociação, mencionando o acordo firmado recentemente entre a ONU e o Irã. “Celebramos, igualmente, o recente acordo logrado com o Irã, que permitirá a esse país desenvolver a energia nuclear para fins pacíficos e devolver a esperança de paz para toda uma região”, disse.
Dilma também reafirmou o engajamento do Brasil no cumprimento dos Objetivos Globais e convocou a comunidade internacional a assumir compromissos ambiciosos na Conferência do Clima da ONU, que acontece em dezembro, em Paris. “Os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável reafirmam o preceito da Rio+20, que é afirmar que é possível crescer, incluir, conservar e proteger”, afirmou.
No domingo, 27, a presidenta anunciou novas metas para combater as mudanças climáticas. Até 2030, o Brasil quer reduzir em 43% as emissões de gases, o que vai exigir investimentos em diferentes fontes de energia renovável, como a eólica e a solar. A presidenta quer que 66% da eletricidade gerada no país venha de fontes hídricas até lá.
“A Agenda 2030 exige solidariedade global, determinação de cada um de nós e compromisso com o enfrentamento da mudança do clima, com a superação da pobreza e da miséria e a construção de oportunidade para todos”, destacou Rousseff, que aposta na cooperação entre os países em desenvolvimento para alcançar os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.