No dia Mundial da Obesidade, médicos explicam como manter o peso por meio de uma dieta saudável e a prática de exercícios físicos são essenciais à saúde
Thiago Coutinho
Da redação
De acordo com uma pesquisa em nível global organizada pela NCD Risk Factor Collaboration (NCD-RisC) — numa iniciativa junto à Organização Mundial de Saúde (OMS) — nas últimas três décadas, as taxas de obesidade entre crianças e adolescentes no mundo todo simplesmente aumentaram quatro vezes. Segundo o relatório, entre adultos esses índices mais que dobraram — até 2022, 43% dos adultos sofrem com o sobrepeso. E é sobre este cuidado especial com o peso que o Dia Mundial da Obesidade, celebrado neste 4 de março, recorda.
E a principal causa de todo este problema é a má alimentação. Dietas repletas de processados e ultraprocessados com alto teor de gordura, açúcar e sal causam o peso em excesso. “A principal causa de obesidade no nosso meio é a dieta inadequada”, alerta André Augusto Pinto, cirurgião geral e bariátrico da clínica gastro ABC. “A ingestão de alimentos altamente calóricos, industrializados e em grande quantidade, associados ao sedentarismo, à herança genética, fatores emocionais como a ansiedade e problemas hormonais podem contribuir para o aumento dos casos de obesidade”, acrescenta o especialista.
Um fato interessante é que a obesidade deve ser combatida nos primeiros anos de vida do indivíduo, durante o período de amamentação. A medicina atesta que o leite materno é um ótimo recurso contra o peso excessivo. “É sabido que o aleitamento materno, preconizado exclusivamente até os 6 meses de idade e presente até os 2 anos ou mais, contribui para evitar o sobrepeso e outras doenças”, assegura André Augusto.
As mães, porém, devem ficar atentas a um detalhe: não oferecer açúcar às crianças. “É importante dizer que durante a introdução alimentar dos bebês, devem ser evitados açúcares até os 2 anos de idade, devido ao risco aumentado de desenvolvimento de doenças como o diabetes tipo 2 e a própria obesidade”, alerta o cirurgião bariátrico.
A importância da atividade física
Muitos podem ser levados a pensar que a única atividade física necessária para se perder peso é a aeróbica (correr, pedalar, caminhar etc.). E este é um erro muito comum para quem almeja entrar em forma.
“A atividade física é crucial para a perda de peso”, reforça Alvaro José Farias de Souza, cirurgião geral e cirurgião especialista no aparelho digestivo na clínca Gastro ABC. “Além do impacto óbvio da atividade física por si só, há grande relação entre o bem-estar gerado pelos exercícios e o controle da ansiedade”, acrescenta.
É claro que atividade física está intrinsicamente ligada à dieta. Se estes dois aspectos não andarem de mãos dadas, os resultados podem ser pífios na perda de peso. “É importante manter uma dieta adequada”, aconselha Souza. “É necessário ingerir alimentos saudáveis em quantidades adequadas. Muitas pessoas creem que, por fazer atividade física, podem comer o que quiserem ou, ao contrário, pensam que para emagrecer basta fazer atividade física e não comer nada. As duas concepções estão equivocadas. É necessário um equilíbrio entre os gastos calóricos provenientes da atividade física e a alimentação saudável”, reitera.
Uma pessoa é considerada obesa quando, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), seu índice de massa corpórea (IMC), que é uma relação de peso com a altura, é maior do que 30 kg/m2. “Nesse estágio, é fundamental procurar auxílio, que normalmente é multidisciplinar, envolvendo avaliação médica, psicológica e nutricional”, detalha Souza.
Regularidade
Após ajustar a dieta e dar início aos exercícios físicos, o passo final é manter a periodicidade: é essencial escolher quantas vezes o treino será realizado e manter a rotina. “Quando falamos de atividade física, é importante dizer que a regularidade é o mais importante”, adverte o especialista do aparelho digestivo.
Outro fator importante: a intensidade desses exercícios deve ser acompanha de perto por um profissional. “Devemos tomar cuidado com atividades físicas muito intensas ou extenuantes, principalmente se a pessoa não está acostumada a se exercitar. É fundamental procurar auxílio de um educador físico para que a pessoa não se machuque num exercício ou piore uma condição pré-existente”, finaliza.