No Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra o Idoso, especialista explica que a educação é a melhor maneira de prevenir o problema
Thiago Coutinho, da Redação
Instituído em 2006 pela Organização Mundial da Saúde, o Dia Mundial da Violência Contra o Idoso, recordado nesta quinta-feira, 15, alerta-nos sobre a sensibilidade no cuidado para com as pessoas idosas ― aqueles com idade igual ou superior a 60 anos.
No Brasil, o Ministério da Saúde aprovou em outubro de 2006 a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNPSI), cujo principal objetivo é promover o envelhecimento de forma ativa e saudável. Prevenir a violência contra as pessoas mais idosas reside num único conceito: a educação.
“E quando falo em educação, refiro-me àquela que vem dos pais”, afirma a geriatra Renata Tavares Ribeiro Cavalca. “É algo cultural. Em lugares como a Europa há um respeito muito grande com relação ao idoso. Nosso envelhecimento aconteceu muito rápido”, acrescenta.
Segundo pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil ganhou 8,5 milhões de pessoas idosas ― número que pode chegar a 38 milhões até 2027. “Diminuiu o índice de nascimentos no Brasil. Estão nascendo menos crianças e num processo muito rápido. Há menos crianças e muitos idosos. E devemos lembrar que a responsabilidade do idoso primeiro é da família, depois do Estado”, pondera a geriatra.
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Quando há suspeita de que um idoso está sendo agredido, de acordo com Renata, a primeira medida é procurar as autoridades por meio do Conselho Municipal do Idoso, que está presente em quase todas as cidades do país. “Se você não conseguir denunciar por meio do Conselho, vá à delegacia e faça a denúncia. Ou até ir ao Ministério Público. Existem todos esses canais para se denunciar, só não se pode ter medo disto”, explica.
Doenças típicas ligadas à violência
Existem doenças que estão ligadas diretamente à violência contra os idosos. A geriatra explica que a depressão e a tristeza, por exemplo, que já são bem comuns nesta fase da vida, podem se tornar mais intensas quando há violência empreendida contra as pessoas mais velhas.
“Ele acaba se sentindo só e desamparado. Não estou dizendo que isto é comum em todos os casos. Há pessoas que não chegam a se sentar à mesa com a pessoa mais idosa por ela tremer e derrubar a comida. Isto tudo acaba levando-o ao estado depressivo. E quando há suporte da família, o idoso se recupera rapidamente”, assegura.
Classe social também não é um item determinante quando se trata de agressões ao idoso. Renata esclarece que há exemplos em que a família não possui uma renda mensal alta, mas a pessoa idosa é amparada de todas as maneiras. “Não há distinção social. Já vi pessoas com menos condição financeira que cuidam do idoso, deixam-o limpo, porque deixar de fazer isso também seria uma violência”, finaliza.