Bom uso

Especialista comenta como a tecnologia pode auxiliar nas relações

Atualmente, é quase irreversível o uso da internet; especialista ressalta que isso pode se tornar positivo nas relações humanas desde que seja bem utilizado

Fernanda Lima
Da Redação

Foto: Bench Accounting BY Unsplash

A maioria das pessoas estão conectadas à internet. Embora a tecnologia ofereça inúmeras facilidades, ela também pode criar muros invisíveis aumentando o isolamento social e emocional. Na intenção de oração do Papa Francisco para este mês de abril, o convite é usar a tecnologia para unir, não para dividir.

O Santo Padre alerta sobre o risco de que as tecnologias substituam as interações “cara a cara”, o que pode levar a uma diminuição da qualidade de nossas relações humanas. “Como gostaria que olhássemos menos as telas e nos olhássemos mais nos olhos!” , expressou o Pontífice.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (2022) (de Portugal), 94,9% dos menores entre os 10 e os 15 anos utilizaram a Internet nos últimos 3 meses e 69,5% deles têm um telefone celular. Além disso, de acordo com um relatório da UNICEF (2021), 98,5% dos adolescentes espanhóis estão registrados numa rede social e 83,5% estão em mais de três. A utilização das redes sociais torna-se uma das atividades mais realizadas entre os jovens. 

No Brasil, jovens entre 10 e 24 anos de idade não são maioria entre aqueles que têm uma experiência completa na internet. É o que aponta o estudo do Cetic (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação) sobre os níveis de uso da rede no país. 

A importância de olhar nos olhos

Jorge Aparecido da Silva / Foto: Arquivo Pessoal

Sobre essa mensagem do Papa, o especialista em TI, Jorge Aparecido da Silva, comenta o alerta que Francisco traz. “Ele enfatiza que olhar nos olhos do próximo é mais do que uma metáfora. Representa uma conexão genuína, empatia real e presença autêntica”, reflete.

Para Jorge, quando a sociedade prioriza excessivamente a interação digital em detrimento da interação pessoal, grupos vulneráveis tendem a ser mais esquecidos, aprofundando ainda mais a exclusão daqueles que já estão marginalizados.  

“Embora a tecnologia facilite contatos rápidos e globais, também pode levar à superficialidade nas relações, à diminuição da empatia e à desvalorização dos vínculos emocionais autênticos”, comenta.

Aqueles que não conseguem mais se desviar das telas, acabam sendo reféns dos “muros digitais”, mas segundo Jorge, ainda é possível romper com estes muros. “Por vezes, o que falta é a iniciativa e motivação de formatar meios que visem derrubar estes muros. Poderíamos pensar e desenvolver aplicativos centrados em conexões humanas como em situações de pessoais isoladas, especialmente idosos ou comunidades periféricas”, explica.

Tecnologias e inclusão digital

Segundo o especialista, criar dispositivos acessíveis e intuitivos pode contribuir no processo de inclusão digital. “Atualmente temos avanços consideráveis na Inteligência Artificial. Podemos aproveitar para buscar investir em projetos que foquem combater a empatia. A implementação em uma educação tecnológica ética e consciente, usando de meios acadêmicos, também pode contribuir muito nisso”, afirma.

Jorge ressalta que tais iniciativas não devem ser centradas apenas nos meios acadêmicos, mas em projetos que aproximem jovens procurando sempre debater e conscientizar sobre as consequências do uso irresponsável e excessivo de tecnologias digitais. “Provocar e gerar um ambiente onde eles possam construir propostas para implementar programas educacionais digitais ou presenciais ensinando o uso consciente das redes sociais e tecnologia. Isso ajudaria a combater o isolamento e a desenvolver relações humanas mais autênticas”, frisa.

De acordo com Jorge, essas estratégias trazem esperança frente a este cenário. “A tecnologia pode ser parte da solução, desde que projetada e usada para reforçar, e não substituir, o contato humano autêntico”, concluiu.

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