Voluntários da Arquidiocese de São Paulo se juntam, há cerca de 35 anos, para conviver e celebrar o 25 de dezembro com eles
André Cunha
Da redação
O Natal é a celebração da unidade, da vida, da família… Muitos se juntam aos seus nesse dia para conviver, reverem-se, contar história do ano que passou e matar a saudade. A questão é que para mais de 15 mil pessoas, pelo menos na cidade de São Paulo, o Natal não tem ainda esses significados. O número de moradores de rua na capital paulista passou de 8.706 (em 2000), para 15.905 nesse ano, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) do Governo de São Paulo.
Para dar então significado ao Natal dessa população praticamente esquecida, voluntários da Arquidiocese de São Paulo se juntam, há cerca de 35 anos, para conviver e celebrar o “25 de dezembro” com eles. A missão é coordenada pelo padre Júlio Lancellotti, 67 anos.
Para esse grupo solidário, o Natal não é um feriado qualquer ou apenas um dia santo. É ocasião para, assim como nos outros dias do ano, estar com quem não é lembrado pela maioria. “Tem tudo a ver com as pessoas com quem convivemos, por isso temos que celebrar com eles esse momento”, disse padre Júlio.
De acordo com o sacerdote, a iniciativa surgiu a partir do compromisso pastoral e evangélico, construído no dia a dia. “Partilhamos com eles a vida e eles partilham a vida conosco; os momentos de alegria, de tristeza e também os momentos de celebração”.
A missão com o povo de rua no Natal acontece normalmente na Cracolândia – região de São Paulo onde se concentra grande número de moradores de rua e dependentes químicos. Na noite do dia 24, os voluntários se reúnem com a população da Cracolândia para celebrar, conviver e se alimentar. No dia 25, padre Júlio celebra uma Missa no local.
“A Missa do Natal é na Cracolândia por ser uma área muito evitada, como no nascimento de Jesus que não foi nenhum espetáculo televisivo, mas uma situação de vida na obscuridade do tempo”, considerou o padre.
Para ele, o Ano Santo da Misericórdia veio reafirmar aquilo que é próprio do ensinamento de Jesus: “sede misericordiosos como o Pai. É o que nós buscamos vivenciar na Pastoral de Rua. É estar junto com aqueles que estão perdidos e afastados”.
A Pastoral de Rua da Arquidiocese de São Paulo foi fundada em 1980, pelo então arcebispo Dom Paulo Evaristo Arns.