EM BUSCA DA PAZ

Em conferência, Parolin teme escalada sem fim de regiões em guerra

O cardeal, falando à margem de uma conferência na Casina Pio IV, expressa sua preocupação com os recentes desenvolvimentos nas principais frentes de guerra

Da redação, com Vatican News

A fome já atingiu 12 mil crianças em Gaza, de acordo com estimativas do Programa Mundial de Alimentos (PMA) / Foto: Reprodução Reuters

Estamos à beira do abismo porque existe o risco de uma escalada sem fim que causa medo. O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, não esconde sua preocupação com “o risco de uma guerra de maior alcance” ao responder às perguntas dos jornalistas sobre o ataque russo com drones em violação do espaço aéreo da Polônia.

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Falando na Casina Pio IV, no Vaticano, à margem do seminário internacional sobre o tema “Criatura, Natureza, Meio Ambiente, por um Mundo de Paz”, Parolin disse compartilhar a análise expressa na quarta-feira sobre o assunto pelo presidente italiano, Sergio Mattarella, que falou de um nível de tensão semelhante ao que precedeu a Primeira Guerra Mundial: “se realmente não houver um momento de reflexão sobre o caminho empreendido, há o risco de uma escalada sem fim e, portanto, também de uma guerra de maior alcance”.

Cardeal Pietro Parolin / Foto: Matteo Minnella A3 Contrasto via Reuters

O drama humanitário da Faixa de Gaza

A preocupação do cardeal Parolin também se estende à guerra no Oriente Médio e à tragédia de Gaza. A escalada israelense na Faixa – disse ele – “infelizmente não cessa, apesar dos muitos apelos que foram feitos também pela Igreja Católica, inclusive pelo patriarca dos latinos, cardeal Pizzaballa”. Por outro lado, o cardeal quis destacar a capacidade de “resistência verdadeiramente admirável” do pároco da Sagrada Família de Gaza, padre Gabriel Romanelli, e das pessoas acolhidas na Igreja da Cidade de Gaza: “eles permanecem ao lado das pessoas com deficiência e, portanto, não querem ceder diante da violência”. Respondendo a uma pergunta sobre a Global Sumud Flotilla, o secretário de Estado sublinhou que “todas as operações humanitárias que possam servir para aliviar a grave crise humanitária que se vive no território são úteis, portanto, as avaliamos positivamente”.

Espaço para o diálogo e a diplomacia

Além disso, a Santa Sé continua incansavelmente sua ação diplomática. “Estamos fazendo tudo o que podemos”, afirmou. “Nossa diplomacia está buscando contato com todos os protagonistas, conversamos, insistimos, esses são os instrumentos de que dispomos para tentar deter essa escalada”.

O uso do termo genocídio

O cardeal respondeu então a uma pergunta sobre a resolução desta quinta-feira do Parlamento Europeu, que convida os Estados-Membros a reconhecerem a Palestina, mas não contém a palavra “genocídio” para o que está acontecendo em Gaza, ao contrário do documento assinado na segunda-feira passada por alguns sacerdotes e bispos: “eles provavelmente encontraram no que está acontecendo os elementos para dar essa definição. Nós – esclareceu – por enquanto ainda não o fizemos. Isso se verá. É preciso estudar, é preciso que haja condições para se poder fazer uma afirmação desse tipo”. Comentando, por fim, o encontro da semana passada no Vaticano entre o Papa Leão XIV e o presidente israelense, Isaac Herzog, Parolin disse que o chefe de Estado deu “garantias de que não haverá ocupação de Gaza”. “Eu acredito na boa fé de todos, depois é preciso ver os fatos”, concluiu.

As tensões nos Estados Unidos

À margem da conferência, houve também espaço para um comentário sobre o trágico tiroteio que matou o ativista cristão conservador Charlie Kirk nos Estados Unidos.

“Somos contra todos os tipos de violência”, disse o cardeal Parolin, respondendo a uma pergunta dos jornalistas. “Devemos ser muito tolerantes e respeitosos com todos, mesmo que não compartilhemos as mesmas visões, declarações e pensamentos. Se não formos tolerantes e respeitosos, e formos violentos, isso realmente causará um grande problema dentro da comunidade internacional e nacional”.

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