Desafios da família

É preciso formação profunda sobre o que é família, diz bispo

Dom Antônio Augusto destaca que falta de formação sobre o que é ser família é um desafio; Pastoral Familiar procura auxiliar nesse processo

Jéssica Marçal
Da Redação

Dom Antônio Augusto fala sobre uso das células-tronco embrionárias

Dom Antônio Augusto, bispo auxiliar do Rio de Janeiro / Foto: Arquivo

A família é a pauta das discussões da 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos em curso desde o dia 5 de outubro no Vaticano. São realidades e desafios a serem abordados para subsidiar a assembleia sinodal do ano que vem.

Vários são os desafios familiares enfrentados em várias partes do mundo; no Brasil, não é diferente. Membro da Comissão para Vida e Família da CNBB, Dom Antônio Augusto Dias Duarte explica que o perfil da família brasileira ainda está sendo esculpido, já que o Brasil é um país jovem, quando comparado a países da Ásia ou da África, por exemplo.

“Muito já se fez, mas ainda há muito o que fazer e esse trabalho da arte de formar uma família deve ser um trabalho compartilhado por todos, pela Igreja católica, pelas igrejas evangélicas, pelas outras religiões e, principalmente, pelo Estado, porque todos nós somos trabalhadores em favor da família”.

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O bispo indica duas situações na realidade das famílias brasileira. Uma delas corresponde ao projeto de Deus, mesmo em meio às dificuldades. “Isso não pode deixar de ser colocado em evidência. (…) Sempre existiram e continuarão existindo as famílias que revelam toda a beleza do casamento e a grandeza da paternidade e da maternidade”.

Por outro lado, há uma realidade que influencia muitas pessoas e acaba dificultando a vivência do projeto de Deus. Segundo o bispo, há muitas consequências dessa situação, como famílias monoparentais e com dificuldades de relacionamento, o que acaba levando ao divórcio. É uma realidade sobre a qual a Igreja precisa se debruçar maternalmente, disse o bispo.

Entre os principais desafios familiares da atualidade, Dom Antônio mencionou a falta de formação profunda sobre o que é ser família. Ele diz que não se pode reduzir a família à boa vontade e ao amor, mas ter uma formação profunda para ver a beleza e fortaleza do verdadeiro amor matrimonial.

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Pastoral Familiar

Esse trabalho de formação é realizado, em muitas paróquias, pela Pastoral Familiar. Trata-se de um grupo que organiza palestras, encontros e demais atividades dedicados às famílias.

Silvio e Ester, coordenadores da Pastoral Familiar da arquidiocese de São Paulo / Foto: Arquivo Pessoal

Silvio e Ester, coordenadores da Pastoral Familiar da arquidiocese de São Paulo / Foto: Arquivo Pessoal

Silvio dos Santos, junto com sua esposa Ester, é coordenador da Pastoral Familiar da Arquidiocese de São Paulo. Entre as atividades realizadas na comunidade, ele cita a Semana Nacional da Família, em que se trabalha com o subsídio “Hora da Família”, como forma de evangelização.

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Para realizar o trabalho pastoral, Silvio conta que os agentes de pastoral recebem formação constante, principalmente tendo em vista os desafios aos valores da família. Após a implantação da pastoral, deixa-se como meta o estudo do Diretório da Pastoral Familiar, da Exortação Apostólica Familiaris Consortio, de João Paulo II, e tudo o que se refere à pastoral familiar.

Entre as etapas do trabalho desenvolvido na pastoral coordenada por Silvio está a preparação para a vida matrimonial, uma necessidade que já foi alvo de reflexão nesse Sínodo. “Um trabalho muito bem feito para que não tenhamos mais esses casamentos de ‘casa hoje e descasa amanhã’”, diz o coordenador.  Segundo ele, além de estudo nas paróquias com base em livros que falam sobre o matrimônio, os noivos têm atividades para fazer em casa.

E para ajudar nas dificuldades da vida a dois, Silvio conta que há ainda trabalhos voltados para o período pós-matrimônio, que acompanha o casal do momento do “sim” até a morte. Embora atenda muitos casais de idosos, esse trabalho é voltado principalmente para os “recém-casados”, período que engloba casais que possuem de um a sete anos de casados e é quando acontecem as possíveis crises.

A Pastoral em que Sílvio atua também se dedica a situações especiais, como o caso de casais de segunda união, famílias de migrante, militares, pessoas que não tem família, viúvos e pais e mães solteiros. Tudo isso faz do trabalho da pastoral familiar algo prioritário, enfatiza Sílvio.“Para onde nós olharmos, vamos encontrar famílias (…) A Pastoral Familiar não escolhe família, ela trabalha com todo tipo de família”.

Sobre os trabalhos do Sínodo, Silvio conta que há um acompanhamento. “A gente procura sempre trabalhar em cima dessas atividades, procurar esclarecer e melhorar. Agora, nós vamos aguardar o que o Santo Padre tem para nós. Sabemos que não vai ser de imediato, pois temos que esperar o Sínodo Ordinário que vai ser em 2015, mas esperamos coisas boas para a família”.

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