Especialistas explicam que o tabaco está intrinsicamente ligado às principais causas de doenças cardiovasculares, como infarto e insuficiência cardíaca
Nathália Cassiano
Da redação
Foto: cherylholt por Pixabay[/caption]
Nesta terça-feira, 31, é celebrado o Dia Mundial Sem Tabaco. Segundo a OMS, o tabagismo mata anualmente cerca de 8 milhões de pessoas. A partir desse fato, o principal objetivo da data é conscientizar a população sobre os malefícios do tabaco para a saúde.
De acordo com o médico cardiologista da Medicina Interna Personalizada (MIP), Fernando Menezes, o tabagismo é considerado uma doença epidêmica em decorrência da dependência de nicotina. Ele pode ser classificado como distúrbio de comportamento devido a substâncias psicoativas, entre elas alucinógenos e antidepressivos.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a incidência de tabagismo em adultos acima de 18 anos vem caindo desde 1989. A diminuição se dá principalmente devido às diversas campanhas.
Doenças causadas pelo tabagismo
Segundo a Organização Mundial da Saúde, o tabagismo está relacionado a 71% das doenças de câncer no pulmão, 42% das doenças respiratórias e 10% das doenças cardiovasculares.
Um outro especialista, o cirurgião cardiovascular do Pronto-Socorro Cardiológico Universitário de Pernambuco (Procape-UPE) e Hospital Português, Alexandre Magno, cita algumas doenças causadas pelo tabagismo: câncer de maneira geral – de bexiga, esôfago; risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC); obstrução dos vasos e comprometimento dos pulmões.
“O tabagismo pode causar efeitos deletérios, aumentado o risco de câncer, de infarto e principalmente doenças pulmonares. O tabagismo afeta muito os pulmões, podendo evoluir com quadro de bronquite e enfisema. Os efeitos benéficos de bem-estar são ilusórios”, explica.
Com relação à doença cardiovascular, Magno acrescenta que o cigarro tem inúmeros substância que promovem a aterosclerose – endurecimento e acúmulo de substâncias tóxicas na artéria.
“A artéria vai se fechando, ficando endurecida, então isso aumenta o número de pressão arterial, aumenta o número de placas de cálcio, a possibilidade de uma trombose aguda, uma embolia pulmonar, e sobretudo acelera o problema de aterosclerose”, pontua.
Fumante passivo
O Ministério da Saúde frisa que quando o cigarro é aceso, somente uma parte da fumaça é tragada pelo fumante, e cerca de 2/3 da fumaça gerada pela queima é lançada no ambiente através da ponta acesa do produto.
O cardiologista Fernando Menezes comenta que o fumante passivo é aquela pessoa que não tem o hábito do tabagismo, mas convive com quem fuma e acaba inalando a fumaça do cigarro.
“De certa forma, quem fuma acaba comprometendo boa parte da saúde de quem está ao seu redor”, lembra.
Meios para se libertar do vício
“O tratamento envolve inicialmente a conscientização do paciente sobre os malefícios de parar de fumar. Após o paciente entender os males causados, avalia-se os mecanismos que dificultam a sensação do tabagismo. Por último, foca-se nos benefícios em parar de fumar”, explica o médico.
Magno reforça que o primeiro de todos os passos deve ser a força de vontade do paciente. Além disso, ele elenca os benefícios: diminuição do risco de câncer, do risco de problemas respiratórios, melhora no sono e no desempenho físico.
Testemunho: mudança de vida
Sergio Tersigni, da cidade de Jacareí (SP), venceu o vício há mais de 19 anos. Conseguiu se livrar do tabagismo em 2003. A decisão de parar começou com as propagandas na televisão que retratavam imagens negativas atreladas ao fumo. “O vício não deixa você enxergar a realidade”, conta.
“Na época, meu filho era pequeno e começava a perguntar: ‘Pai, por que você fuma?’. Embora eu não fumasse na frente dele, fumava no quintal ou na rua”, contou. Sergio refletiu sobre essa pergunta por muito tempo e, em um determinado momento, decidiu que, quando acabasse o maço de cigarro, que tinha pararia de fumar. A data coincidiu com o dia em que o filho começou a servir a Igreja como coroinha.