A iniciativa quer dar voz àqueles que não têm voz ‘e nasceu do desejo de superar o isolamento e a solidão do isolamento social’
Da redação, com Vatican News
As mulheres católicas na África do Sul são incentivadas a participar de um Dia de Oração online organizado pela União da Organização das Mulheres Católicas (SAUCWO, na sigla em inglês) do país nesta segunda-feira, 24.
A iniciativa atende pelo tema “Não posso respirar”, cuja origem vem do “desejo de transpor o sentimento de solidão e isolamento vivido no confinamento, de apoiar-se mutuamente e de reforçar o sentimento de irmandade nesta época de sofrimento global”, como explica o cartaz divulgado para a ocasião.
Em entrevista ao portal Vatican News, a sra. Fikile Motsa, presidente da SAUCWO, explicou a ideia por trás deste Dia de Oração e sua importância às mulheres sul-africanas.
Os convidados para este evento incluem Hermenegild Makoro, Secretário-Geral da Conferência Episcopal da África do Sul, que fará um discurso no evento. A sra. Motsa dará as boas-vindas, das 14h15 às 16h (horário da África do Sul).
Dia de Oração
Motsa explicou que a iniciativa de oração virtual nasceu do desejo de encontrar e fortalecer as mulheres, mesmo com a pandemia causada pela Covid-19 em curso e os difíceis momentos de ansiedade que vieram com ele.
“Queremos fortalecer nossas mulheres que agora estão com medo. Algumas delas perderam o emprego, ficaram em casa, os maridos estão sem emprego e os números só crescem. Perdemos várias de nossas mulheres devido à Covid-19”, explicou.
A iniciativa da oração, portanto, é “dar-lhes uma palavra de esperança, orando juntas, para mostrar à irmandade que estamos juntas nisso e que podemos vencer se estivermos juntas em oração. Para tentar apoiar um ao outro, embora não possamos nos ver fisicamente”.
Agosto, mês dedicado às mulheres sul-africanas
Esta iniciativa de oração é organizada no contexto do mês de agosto que, na África do Sul, é dedicado às mulheres. O país marca anualmente 9 de agosto como o Dia Nacional da Mulher para lembrar o dia 9 de agosto de 1956, quando as mulheres participaram de uma marcha nacional para fazer uma petição contra uma legislação que exigia que os negros portassem um documento para provar que tinham permissão para entrar em uma “área de brancos”.
Fikile Motsa destacou que o mês é dedicado às mulheres do país porque elas “são especiais”. E, como “mulheres de esperança, mulheres de amor trabalhando juntas, precisam ser fortes e fortalecer umas às outras”. Especialmente nesta época da Covid-19, “elas precisam do nosso apoio, do nosso amor”, enfatizou.
Não posso respirar
Respondendo à questão acerca do tema “Não posso respirar”, Motsa explicou que seu uso na iniciativa não tem relação com os protestos por equidade social por conta da morte trágica de George Floyd, em maio de 2020.
Conosco, esclarece Motsa, “escolhemos este tema por conta dos casos de Covid-19: muitas de nossas mulheres perderam seus empregos, seus maridos ficam em casa, seus filhos não estão nas escolas”.
“É demais para nós, mulheres”, ela exclamou. “É apenas em torno de nossos pescoços. Não podemos respirar porque tanta coisa está acontecendo!”
O tema, portanto, refere-se à crescente sensação de estar sobrecarregado pelas mortes e outras dificuldades decorrentes da pandemia Covid-19, bem como outras questões relacionadas ao gênero.
“Estamos pedindo a Deus apenas para estar conosco porque há tanta morte por aí e queremos pedir a Deus que apenas nos ajude nisso”, disse ela.
A África do Sul foi particularmente atingida pela crise do coronavírus. Até sexta-feira, tinha mais de 90 mil casos ativos notificados e atualmente é o quinto país mais afetado pela doença no mundo.