DIA MUNDIAL SEM TABACO

Data recorda os perigos à saúde de quem se vicia em tabaco

O tabaco ainda é responsável pela morte de um cada 10 adultos no mundo, mas países como Brasil e Holanda têm conseguido diminuir o consumo de cigarro

Thiago Coutinho,
Da redação

Relatório da OPAS mostra que o Brasil tem conseguido diminuir o consumo do tabaco e seus derivados / Foto: Ray Reyes por Unsplash

Neste sábado, 31, é celebrado o Dia Mundial Sem Tabaco. A data recorda os riscos à saúde intrinsicamente ligados ao consumo de tabaco e o debate de políticas eficazes que reduzam o seu uso.

Estimativas da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), ligada à Organização Mundial de Saúde (OMS), indicam que a causa de morte ligada ao uso de tabaco é a mais evitável, mas é responsável pela morte de um em cada dez adultos em todo o mundo. Por outro lado, uma notícia positiva para o Brasil: um relatório da OPAS de 2024 mostra que países estão reduzindo com êxito o consumo de tabaco e Brasil e Holanda são os mais bem sucedidos depois de implementarem as medidas de controle.

Marcio Souza, cardiologista e chefe da Seção de Hipertensão Arterial, Tabagismo e Nefrologia do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC), explica os riscos que o consumo de tabaco trazem à saúde. “Fumante tem risco aumentado para mais de 50 doenças, entre elas o infarto agudo do miocárdio, derrame (AVC), enfisema (DPOC), infertilidade masculina e feminina, parto prematuro, osteoporose, entre muitas outras doenças”, detalha o médico.

Cigarro eletrônico e seus perigos

Vape, e-cigarette, e-cigar são algumas das variações do cigarro eletrônico. Há em voga uma crença errônea de que eles não são nocivos à saúde. A medicina contemporânea já comprovou que esses produtos fazem tanto ou mais mal do que o tabaco consumido tradicionalmente. Por isso, desde 2009, o Brasil proibiu a comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar.

“Cigarros eletrônicos com ou sem nicotina causam muitos danos e de forma precoce a saúde. Na composição do aerossol, erroneamente chamado de vapor, existem duas substâncias: o propilenoglicol (PG) que se degradada em formaldeído, substância responsável por causar leucemia, e o glicerol ou glicerina vegetal (GV) que causa danos pulmonares e cardiovasculares”, alerta Souza.

Além disso, os cigarros eletrônicos apresentam metais pesados em sua composição, tais como alumínio e níquel. “Isso [o alumínio] e o níquel relacionado ao câncer de pulmão e seio nasal. Já sabemos que usuários de cigarros eletrônicos têm risco aumentado em 79% para infarto, e se fizerem uso dual (cigarro tradicional e eletrônico), esse risco sobe para 300%”, acrescenta o cardiologista.

Outro dado surpreendente: se o indivíduo consumir cigarro eletrônico por cinco anos consecutivos, segundo Souza, poderá encontrar sintomas de enfisema pulmonar. “DPOC, uma doença incapacitante que acomete fumantes de cigarros tradicionais em média após 30 anos ou mais de uso. O risco de derrame (AVC) ocorre 10 anos antes (48 anos) em usuários de vapes quando comparado ao risco em fumantes de cigarros tradicionais”.

Além disso, a nicotina presente nesses aparelhos é ainda mais potente do que aquelas encontradas nos cigarros tradicionais. “E em concentrações muito mais elevadas. Consequência: instalação da dependência com poucos dias de uso”, pondera o médico do IDPC.

Políticas fiscalizadoras

Segundo a OMS, o tabaco mata mais de oito milhões de pessoas anualmente, mesmo com as intensas propagandas e campanhas alertando sobre seus males. O que falta para o mundo diminuir drasticamente o uso da substância?

“A questão da fiscalização é um desafio não apenas do Brasil, mas do mundo como um todo, na medida em que a propaganda, a publicidade e as vendas são feitas pelas mídias sociais, em que a fiscalização é desafiadora. Campanhas educativas, como fizemos no passado com relação aos cigarros tradicionais e que levaram a uma queda importante da prevalência de fumantes no Brasil, precisam ser feitas com mais frequência em relação aos vapes”, alerta o cardiologista.

Uma saída, de acordo com Souza, seria falar sobre os danos precoces que o uso do tabaco e suas vertentes causam ao organismo, especialmente para as gerações mais jovens. “Divulgar informações sobre os danos precoces são primordiais para proteger as gerações atuais e futuras a não fazerem uso destes produtos. O cenário atual é muito preocupante, pois vemos jovens que acreditam que os vapes são inofensivos, e se deixam iludir pelas propagandas e publicidades. Mas, a realidade é que os estudos científicos mostram o que vemos no dia a dia, ou seja, jovens adoecendo precocemente, com poucos anos de uso do vape, apresentando doenças incapacitantes ou fatais que eram vistas em fumantes de longa data”, adverte.

Benefícios imediatos

Mesmo após anos consumindo tabaco, quando uma pessoa decide interromper o consumo, verifica benefícios imediatos. “Como a recuperação do paladar e do olfato, a melhora da capacidade pulmonar com aumento do fôlego, a sensação de liberdade de conseguir ficar em lugares fechados sem a necessidade de fumar e o aumento da autoestima por estar vencendo uma dependência química difícil, mas, possível de ser tratada”, detalha o médico cardiologista. Além disso, a longo prazo, há ainda a redução do risco de infarto e de cânceres.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento para quem é dependente de nicotina, seja para quem usa cigarro ou vape. “Temos disponíveis medicamentos baseados em evidências científicas e já consagrados em nível mundial, como as terapias de reposição de nicotina em formas de adesivos, gomas ou pastilhas e de medicamentos que bloqueiam a ação da nicotina no cérebro reduzindo a sensação de prazer causada pelo cigarro ou pelo vape”, finaliza.

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