Em países de minoria cristã, a noite de Natal é vivida como um dia comum, mas cristãos preservam a esperança com a força da fé
Jéssica Marçal, com colaboração de Célia Grego
Da Redação
A noite desta quarta-feira, 24, é especial para os cristãos, que estão na véspera de celebrar o nascimento de Jesus Cristo. Familiares se reúnem, participam da Santa Missa, apreciam uma ceia especial e não falta a troca de presentes. Mas nem todos os cristãos podem viver essa realidade. Em locais onde o Cristianismo é perseguido, a Noite de Natal é como qualquer outra noite, marcada por orações silenciosas para celebrar o nascimento do Salvador da humanidade.
“Natal significa muito para os cristãos, significa alegria e felicidade. Na Síria, quer dizer esperança”, afirma Bashar Khoury, cristão que vive na Síria. Ele recorda que, no país, as famílias têm sofrido com os conflitos que se estendem desde 2011, por isso os cristãos vão esperar o Menino Jesus para colocar fim a esse sofrimento.
Na Síria, os cristãos representam apenas 10% da população e, segundo Bashar, eles procuram se unir para enfrentar as situações difíceis. “Como disse São Paulo: ‘nós somos fortes na nossa fé cristã’”.
Nos últimos quatro anos, o país tem sido palco da destruição de muitas igrejas e da perseguição aos cristãos; mais de 800 mil deles já foram deslocados por causa dos conflitos. Além disso, Bashar conta que há outros problemas, como dificuldade de acesso à água potável, falta de combustível e eletricidade apenas por seis horas no dia, chegando a apenas duas horas em algumas regiões.
Em várias ocasiões, o Papa Francisco fez apelos pela paz na Síria e outras regiões do Oriente Médio onde os cristãos são fortemente perseguidos e privados de sua liberdade de culto. Ele sempre tem defendido o diálogo e a cultura do encontro a fim de buscar uma solução pacífica para os conflitos.
“Cessem as violências e seja respeitado o direito humanitário, garantindo a necessária assistência à população que sofre! Todos ponham de parte a pretensão de deixar às armas a solução dos problemas e voltem ao caminho das negociações”, disse o Santo Padre na viagem à Terra Santa, realizada em maio desse ano.
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Nesse contexto, Bashar revela que, em alguns Natais, ele viveu momentos de tristeza e, ao mesmo tempo, de esperança, em que se perguntou quando todo esse sofrimento vai chegar ao fim. Ao ser entrevistado pelo noticias.cancanova.com, ele deixou um pedido: “Finalmente, pedirei a vocês que rezem por mim, porque nós realmente precisamos das suas orações. Deus abençoe vocês”.
Gaza
O Natal na Faixa de Gaza, onde os cristãos também sofrem com a perseguição, é marcado por orações silenciosas e pela esperança. Hussam Tarazi é um cristão que vive em Gaza. Ele conta que, na noite de Natal, as crianças vestem roupas novas e o pátio das igrejas é o lugar onde se trocam os votos de felicitações natalinas. Para comer, alguns doces e um pouco de café. As fotos em família também são uma tradição.
“Também tiramos algumas fotos com nossas famílias com sorrisos no rosto de forma que, no futuro, olharemos para trás, para as memórias, e diremos: ‘Quão felizes fomos naquela noite!’. Continuaremos a sorrir nas nossas fotografias sempre!”.
Depois do momento no pátio, é hora de voltar para casa e celebrar sozinho ou em família. Em geral, é um dia como qualquer outro, diz Hussam, já que tanto o Natal quanto a Páscoa não são feriados oficiais. O que mantém o coração aquecido é a força da fé e a esperança de, um dia, podermos aproveitar mais essa data especial.
“A nossa fé em Deus e em Cristo é mais forte que essas circunstâncias e nós acreditamos que a situação no nosso país vai mudar. E tudo isso é apenas um teste de Deus para nós. Um dia, nós vamos aproveitar e cantar nesse dia glorioso”.
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