Cristão não tem escolha: ou ama ou é hipócrita, diz Papa

Francisco explicou que não há “meio-termo” para os cristãos: ou estão com Jesus e seguem o caminho do amor ou são hipócritas

Da Redação, com Rádio Vaticano

Francisco, na capela da Casa Santa Marta, celebra a Santa Missa / Foto: L'Osservatore Romano

Francisco, na capela da Casa Santa Marta, celebra a Santa Missa / Foto: L’Osservatore Romano

O cristão não tem alternativa: se não se deixa tocar pela misericórdia de Deus e ama o seu próximo, como fazem os santos, acaba por ser um hipócrita que arruína e dispersa, em vez de fazer o bem. Foi o que afirmou o Papa Francisco durante homilia na Casa Santa Marta nesta quinta-feira, 12.

O Papa explicou que, ao longo dos anos, Deus construiu a história da sua relação com os homens. Mas apesar de seus ensinamentos e ações, a história da salvação foi acidentada com tantas hipocrisias e infidelidade. Deus deu tudo ao homem, lembrou o Papa, mas recebeu em troca apenas coisas ruins. Na Primeira Leitura do dia, aparece a voz de Deus que constata com amargura como o povo eleito, mesmo tendo recebido tantos benefícios, não O tenha escutado.

“Esta é a história de Deus. Parece que Deus chorou, aqui. Eu te amei tanto, te dei tanto e você…Tudo contra mim. Até mesmo Jesus, olhando para Jerusalém, chora. Porque no coração de Jesus estava toda esta história onde a fidelidade tinha desaparecido”.

Segundo Francisco, quando o homem faz a própria vontade segue um caminho de endurecimento em que o coração se petrifica e, então, a Palavra de Deus não entra. Dessa forma, o povo se afasta, o que pode acontecer com a vida de cada um. “Hoje, nesse dia quaresmal, podemos nos perguntar: ‘Escuto a voz do Senhor ou faço aquilo que quero, aquilo que me agrada?’”.

De hereges a Santos

Do Evangelho do dia, o Pontífice mostrou um exemplo de “coração endurecido”, surdo à voz de Deus. Jesus cura um possuído pelo demônio e em troca recebe uma acusação: “Expulsas o demônio em nome do demônio. Tu és um bruxo demoníaco”. É a típica acusação dos “legalistas”, observou Francisco, que acreditam que a vida seja regulada pelas leis que eles fazem.

“Isso também aconteceu na História da Igreja! Pensem na pobre Joana D’Arc: hoje é santa! Pobrezinha! Estes doutores a queimaram viva, porque diziam que era herege, acusada de heresia, mas eram os doutores, aqueles que conheciam a doutrina certa, os fariseus: distanciados do amor de Deus. Próximo a nós, pensem no Beato Rosmini. Os seus livros não podiam ser lidos, era pecado lê-los. Hoje ele é beato. Na Historia de Deus com o seu povo, o Senhor mandava os Profetas para dizer que amava o seu povo. Na Igreja, o Senhor manda os santos. São os santos que levam adiante a vida da Igreja. Não são os potentes, não são os hipócritas, mas os santos.”

Não existe um meio-termo

Os santos, disse Francisco, são aqueles que não têm medo de se deixar acariciar pela misericórdia de Deus. Por isso, os santos são homens e mulheres que entendem muitas misericórdias, muitas misérias humanas e acompanham o povo de perto. Não desprezam o povo.

“Jesus disse: Quem não está comigo, está contra mim. Não existe um meio-termo, um pouco de lá e um pouco de cá? Não. Ou você está no caminho do amor ou no caminho da hipocrisia. Ou você se deixa amar pela misericórdia de Deus ou faz aquilo que você quer, segundo o seu coração que se endurece cada vez mais nesta estrada. Quem não está comigo, está contra mim: não existe um meio-termo. Ou você é santo ou caminha em outra estrada. Quem não recolhe comigo, dispersa, arruína. É um corrupto que corrompe”.

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