Para celebrar a memória das vítimas das migrações, o Papa teve um encontro com cerca de cinco mil representantes da comunidade católica e demais cidadãos gregos
Da redação, com Rádio Vaticano
Neste sábado, 16, após o almoço com os refugiados e migrantes, o Papa Francisco se dirigiu ao Porto de Lesbos, onde se encontrou com cerca de cinco mil representantes da Comunidade católica e demais cidadãos gregos, para celebrar a memória das vítimas das migrações.
Aos presentes, o Pontífice recordou que “desde que Lesbos se tornou meta para tantos migrantes à procura de paz e dignidade, sentiu o desejo de visitá-la.”
“Quero expressar a minha admiração ao povo grego, que, apesar das graves dificuldades que enfrenta, soube manter abertos seus corações e suas portas. Muitas pessoas simples puseram à disposição o pouco que tinham, partilhando-o com quem estava privado de tudo. Deus recompensará a sua generosidade e das outras nações vizinhas que receberam com grande disponibilidade inúmeros migrantes forçados.”
Futuro
Assim, perante uma situação tão dramática, o Santo Padre lançou, novamente, um premente apelo à responsabilidade e à solidariedade.
“Muitos refugiados, que se encontram nesta ilha e em várias partes da Grécia, estão vivendo em condições críticas, em clima de ansiedade, medo e, por vezes, de desespero, devido às limitações materiais e à incerteza do futuro”.
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As preocupações das instituições e da população, acrescenta Francisco, aqui e em outros países da Europa, são compreensíveis e legítimas, mas nunca devemos esquecer que, antes de ser números, os migrantes são pessoas, rostos, nomes e casos.
“A Europa é a pátria dos direitos humanos e toda a pessoa que aqui vier deve poder experimentá-los, respeitá-los e defendê-los. Infelizmente, alguns, inclusive muitas crianças, nem sequer conseguiram chegar aqui: perderam a vida no mar, vítimas de viagens desumanas, submetidas às tiranias de ignóbeis algozes.”
Acolhida grega
O Papa se dirigiu aos habitantes de Lesbos, dizendo que eles dão prova de que naquela terra, berço da civilização, ainda pulsa o coração de uma humanidade que sabe reconhecer o irmão e a irmã e quer construir pontes, evitando a ilusão de levantar muros para se sentir mais segura.
Na verdade, em vez de ajudar o verdadeiro progresso dos povos, as barreiras criam divisões e, mais cedo ou mais tarde, as divisões provocam confrontos. E sugeriu:
“Não basta limitar-se a resolver a emergência do momento, é preciso desenvolver políticas de amplo respiro, não unilaterais. Em primeiro lugar, é necessário construir a paz nos lugares onde a guerra levou destruição e morte e impedir que se espalhe em outros lugares. Por isso, é preciso opor-se firmemente à proliferação e ao tráfico das armas. Pelo contrário, deve-se promover, incansavelmente, a colaboração entre os países, as Organizações Internacionais e as instituições humanitárias”.
Nesta perspectiva, o Papa expressou seus votos de bom êxito para o I Encontro de Cúpula Humanitário Mundial, que terá lugar em Istambul, no próximo mês.
“A minha presença aqui, juntamente com o Patriarca Bartolomeu e o Arcebispo Ieronymos, é dar testemunho do desejo comum de continuar a cooperar para que este desafio se torne ocasião, não de confronto, mas de crescimento da civilização do amor”, concluiu o Papa.