O texto do Instrumentum Laboris foi entregue por Bento XVI neste domingo, 6, durante a visita apostólica ao Chipre, a todos os bispos e patriarcas presentes na celebração da Santa Missa no Ginásio de Esportes Elefthería na cidade de Nicósia, capital do país.
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.: Síntese do Instrumentum laboris da Assembleia para o Oriente Médio
A Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou uma síntese do documento de 51 páginas que pretende aumentar a esperança da pequena comunidade cristã na região.
Logo no prefácio do Instrumentum, o secretário-geral do Sínodo dos Bispos, Arcebispo Nikola Eterovic, compara a atual situação dos cristãos no Oriente Médio à comunidade cristã primitiva na Terra Santa, em meio a dificuldades e perseguições.
O texto está dividido em três capítulos, mais Introdução e Conclusão.
Na introdução, recorda-se que os dois objetivos principais do Sínodo são confirmar os cristãos em sua identidade e reavivar a comunhão entre as Igrejas.
O primeiro capítulo trata da Igreja Católica no Oriente Médio, afirmando que os católicos "estão chamados a promover o conceito de laicidade positiva do Estado para aliviar o caráter teocrático do governo", bem como que os conflitos regionais agravam a situação dos cristãos, que não devem abandonar seu compromisso com a sociedade, apesar do contexto adverso. Também é feita menção do aumento do extremismo islâmico, que ameça principalmente cristãos, judeus e muçulmanos. "Neste contexto de conflitos, dificuldade econômicas e limitações políticas e religiosas, os cristãos seguem emigrando", indica-se.
O segundo capítulo está dedicado à comunhão eclesial, que se manifesta "por dois sinais particulares: o Batismo e a Eucaristia em comunhão com o Bispo de Roma, Sucessor de Pedro".
O terceiro capítulo aborda a questão do testemunho cristão, enfatizando a importância da catequese, do ecumenismo e condenando o proselitismo que utiliza meios não conformes ao Evangelho. Aponta-se que o diálogo com os judeus é essencial, ainda que difícil. "Reitera-se a firme condenação do antissemitismo, sublinhando que as atitudes negativas atuais entre povos árabes e o povo judeu parecem antes de tudo de tipo político e, portanto, alheias a qualquer discurso eclesial".
Com relação aos conflitos entre israelenses e palestinos, afirma-se que a Igreja "manifesta o desejo de que ambos os povos possam viver em paz em uma pátria própria, dentro de fronteiras seguras e reconhecidas internacionalmente".
A relação entre cristãos é muçulmanos é apontada como geralmente difícil, em especial porque os muçulmanos "não fazem distinção entre a religião e a política, o que coloca os cristãos na delicada situação de não cidadãos, enquanto são cidadãos destes países desde muito antes da chegada do islã". O reconhecimento da liberdade religiosas e os direitos humanos são apontados como a chave para a convivência pacífica.
"Os cristãos estão chamados [..] a não isolar-se em guetos, ou em atitudes defensivas e a não retrair-se sobre si mesmos, atitudes típicas das minorias. […] Na situação de conflito na região, exorta-se os cristãos a promover a pedagogia da paz: trata-se de um caminho realista, e ainda que corra-se o perigo de ser rechaçado por muitos, também tem mais possibilidade de ser aceito, dado que a violência, tanto dos fortes como dos débeis, produziu no Oriente Médio somente fracassos e estagnação", diz o texto.
O documento também aborda a questão da evangelização na sociedade muçulmana, que somente pode dar-se através do testemunho. "De qualquer forma, o trabalho caritativo das comunidades católicas com os mais pobres e marginalizados, sem discriminação alguma, representa o modo mais evidente de difusão da mensagem cristã".
O texto finaliza ressaltando que também aos "cristãos do Oriente Médio pode-se repetir hoje: 'Não temas, pequeno rebanho, tens uma missão, dependerá de ti o crescimento de teu país e a vitalidade de tua Igreja, e isso somente se concretizará com a paz, a justiça e a igualdade de todos os cidadãos!'".
Entrega
Na cerimônica de entrega do Instrumentum, o Papa afirmou que o Oriente Médio tem um lugar especial nos corações de todos os cristãos, já que foi ali que Deus se revelou.
Desde então, os cristãos olham para o Oriente Médio com uma reverência especial e continuam presentes na região apesar das hostilidades que, às vezes, são obrigados a enfrentar. Eis, portanto, que o Sínodo é uma ocasião para os cristãos do resto do mundo oferecerem apoio espiritual e solidariedade aos irmãos e irmãs do Oriente Médio.
Muitas vezes, continuou, os cristãos atuam como "artesãos da paz" no difícil processo de reconciliação: "Vocês merecem o reconhecimento pelo papel inestimável que desempenham. É minha firme esperança que seus direitos sejam sempre mais respeitados, inclusive o direito à liberdade de culto e à liberdade religiosa, e que jamais sofram discriminações de qualquer tipo".
O Santo Padre renovou seu apelo por um esforço internacional urgente e conjunto a fim de resolver as tensões que permanecem no Oriente Médio, em especial na Terra Santa, antes que esses conflitos levem a um derramamento de sangue ainda maior.
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