Em Áquila, Itália

Conheça a história da primeira Porta Santa

Em Aquila, se encontra o início da história das portas Santas dos jubileus da Igreja Católica

Catarina Jatobá
Enviada especial a Aquila, Itália

A 140 Km a Leste de Roma, na região de Abruzzo na Itália, um lugar guarda um tesouro dos jubileus da Igreja Católica. A cidade medieval de Áquila, cercada por uma paisagem de encher os olhos, que já foi cenário de filmes, também foi privilegiada por estar no início da história dos anos jubilares.

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Porta lateral: Interditada pelos abalos sísmicos de 2009, que abalou a estrutura e derrubou o teto da Igreja / Foto: Catarina Jatobá

Nela morou o Papa Celestino V, no século XIII, que exerceu de lá o seu pontificado e instituiu a primeira bula, que falou claramente sobre a indulgência plenária para todos os fiéis no mundo.

Padre José Rinaldo Trajando, mestrando em história da Igreja em Roma, explica o conteúdo e a importância desta bula. “Isto aconteceu em 1294, antes do primeiro jubileu instituído como nós conhecemos hoje, pelo Papa Bonifácio VIII. Portanto, esta ideia da conversão de todos os pecados, dos cristãos buscarem a conversão a mudança de vida, podemos atribuir ao Papa Celestino V com esta bula”.

O conclave para a escolha do Papa Celestino V durou dois anos. Porém, seu Pontificado foi muito breve, de apenas 6 meses. Eremita beneditino, era um homem simples, e foi um dos poucos papas que renunciaram na história. Pouco tempo depois de sua renuncia, ele faleceu. Assumiu a cátedra de Pedro o Papa Bonifácio VIII que, seis anos depois, instituiu o primeiro ano jubilar da história.

“Portanto, no ano 1300, tivemos o primeiro Ano Santo com a peregrinação a Roma, à Basílica de São Pedro”, esclarece o estudioso em história da Igreja.

Como explica padre Rinaldo, a Basílica de Santa Maria de Collemagio recebe o titulo de  Porta Santa. “Ela recebeu esse título porque, quando Celestino V foi canonizado, os historiadores descobriram a bula, e no lugar onde ele foi sepultado, foi colocada, então, uma Porta Santa, devido a iniciativa dele de conceder a toda a Igreja, a todos os cristãos, a indulgencia plenária e para que pudesse ser feito o sentido teológico de atravessa-la, de fazer a peregrinação”. Por esta razão se acredita que a porta lateral da Basílica de Santa Maria de Collemaggio teria sido a primeira Porta Santa da história. Com a mudança da sede do pontificado para Roma, esta tradição acompanhou o novo Papa.

A Basílica permanece fechada desde 2009, quando a cidade foi atingida por um terremoto de 6,3 graus de magnitude, que deixou cerca de 300 mortos, abalou a estrutura da Igreja e derrubou o teto. Estruturas de ferro sustentam as paredes, enquanto não se completa a obra de restauração.

No início dos jubileus, como era o desejo do Papa Bonifacio VIII, eles aconteciam a cada 100 anos, mas este intervalo foi reduzido para 50 anos e, no ano de 1475, foi definido que seria a cada 25 anos.

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Basílica de Santa Maria di Collemagio. Nela está sepultado o corpo do Papa Celestino V / Foto: Catarina Jatobá

Segundo padre Rinaldo, isto aconteceu para que as pessoas pudessem viver pelo menos um Ano Santo, pois a expectativa de vida era pequena naquela época.

O último Ano Jubilar ordinário aconteceu em 2000, e o próximo será em 2025. No entanto, como é possível acontecer, o Papa Francisco convocou um jubileu extraordinário da Misericórdia. Como lembrou padre Rinalo Trajano, o Papa São João Paulo II também convocou um ano extraordinário, em 1983, para celebrar os 1950 anos da Redenção, e recordar o sacrifício de Jesus na cruz . “Então sempre tem uma motivação. Nós estamos vivendo um período de tantos conflitos, de guerra, terrorismo, a família perdendo os valores cristãos e essenciais. Portanto, o Ano Santo vem para nos chamar atenção, para que possamos fazer esta reflexão e e peregrinar à casa do Pai e, ao atravessar a Porta Santa, ter uma vida nova”.

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